EDIMBURGO (Reuters) - Cerca de 12 mil manifestantes, incluindo alguns da Irlanda
do Norte, marcharam neste sábado na Cidade Velha de Edimburgo em uma
emocionante demonstração de apoio à manutenção da Escócia no Reino Unido.
Com bandas de
flautas e tambores, chapeus e fitas laranjas, os manifestantes disseram que o
referendo pela independência da Escócia, que ocorrerá na quinta-feira, ameaça
suas culturas e histórias. "É a sua própria história
sendo retirada de você. O que vamos dizer aos nossos netos?", disse Jim Prentice,
um jardineiro que vestia uma camisa do clube de futebol Rangers e que viajou do
sul de Glasgow para assistir a marcha. Organizada pela Ordem
Laranja da Escócia, a marcha mostrou que a campanha anti-independência pode
contar com substancial apoio em Glasgow, maior cidade escocesa e principal
terreno de batalha. Mas a manifestação também injetou na
campanha um elemento sectário, que tem um histórico amargo e muitas vezes
violento. A Ordem é ligada às organizações protestantes "legalistas"
da Irlanda do Norte, e muitas pessoas cruzaram o Mar da Irlanda para o
evento. A rivalidade ente católicos e protestantes —
historicamente representada pelos torcedores dos Celtics e dos Rangers — sempre
foi uma chaga na sociedade escocesa. A decisão de realizar a
marcha foi polêmica. A campanha oficial "Melhor Juntos", a favor da
manutenção da Escócia no Reino Unido, afirmou não ter relação com a
manifestação. Contudo, alguns participantes tinham placas, distintivos e
adesivos com o slogan oficial: "Não, obrigado".
Alguns dos que protestaram gritavam "Sem Rendição", um slogan do
conflito na Irlanda do Norte. Se os escoceses aprovarem a
separação, isso pode forçar a Inglaterra e a Irlanda do Norte a reavaliarem
suas relações constitucionais, um assunto que ameaça a frágil paz entre
católicos e protestantes na província controlada pelos britânicos.
Fonte: Reuters.