Mark Zuckerberg no Ice Bucket Challenge
Na internet, brasileiros são conhecidos como gafanhotos! Eles invadem
uma plantação, devoram tudo, e vão embora deixando a destruição para trás. Foi
assim com o Orkut, com Fotolog, Facebook... e tem sido assim no Twitter,
diversos games e até mesmo no Waze, um aplicativo de trânsito, em que alguns
malas estão colocando alertas de acidentes, em suas rotas, para que outros
motoristas desviem seus caminhos, deixando aquela rota exclusiva para eles. Em
vários jogos on-line, você passa a ser hostilizado ao dizer que é brasileiro.
Claro que não
poderia ser diferente no Ice Bucket Challenge, ou desafio do balde, como
chamamos aqui no Brasil. O desafio começou nos EUA, pelo jogador de baseball
Pete Frates, que foi diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), que
desafiou celebridades a doarem uma quantia para ajudar nas pesquisas em busca
da cura desta doença, ou teriam que jogar um balde de água gelada na cabeça,
desafiando mais três pessoas depois disso.
A doença é
devastadora, a expectativa de vida após o diagnóstico, costuma ser de menos de
uma década, e o sofrimento ligado a ela é altíssimo. Antes do desafio, a ALS
Association (uma organização que investe em pesquisas para a cura da doença)
arrecadou US$ 2,7 milhões durante todo o ano de 2013. Depois do desafio ter
atingido as celebridades americanas, a instituição já arrecadou quase US$ 100
milhões, em menos de dois meses.
O desafio
tomou proporções épicas, depois que Mark Zuckerberg entrou na brincadeira e
desafiou outros três grandalhões dos EUA, um deles era Bill Gates, que entrou
na brincadeira com estilo, e desafiou mais três pessoas. Em pouco mais de uma
semana, o desafio já havia sido feito por milhões de pessoas e não tardou a
chegar aqui.
Em poucos
dias, muitas celebridades, à convite da Associação Brasileira de Esclerose
Lateral Amiotrófica (Abrela) e do Instituto Paulo Gontijo, que conduz pesquisas
no Brasil sobre a ELA, entraram na brincadeira. Óbvio que muitas
subcelebridades entraram na brincadeira, mesmo sem serem “desafiadas”, com o
único objetivo de aparecer, deturpando completamente o objetivo da campanha,
que era nobre. Muitos sequer citam os institutos que apoiam os portadores da
doença, e outros que disseram ter doado, nunca provaram isso, a ponto de um
represente de uma das instituições dizer em público que está aguardando a
doação das celebridades brasileiras.
A questão é
tão séria, que ao ser questionada sobre o desafio, a Xuxa disse que antes de
cobrarem dela a participação, deveriam cobrar dos outros artistas a prova de
que fizeram a doação, como ela mesmo fez. Resumindo, muitos aderiram ao desafio
apenas para se promoverem, aproveitando os comentários e visualização gratuitos
que teriam pela mídia.
Não há outra
palavra, a não ser “nojo”, para representar o que sinto por pessoas que fizeram
isso. De todos os “famosos” do Brasil, somente o Luciano Huck falou sobre
doações. A grande maioria, somente usou o desafio para se promoverem. É muito
baixo, asqueroso e mesquinho, usar uma doença grave, letal e incurável para
auto-promoção. É duro usar o sofrimento de muitos para ser notícia em sites de
fofoca e canais de TV. Além dos famosos, as subcelebridades e “pessoas comuns”
aderiram em peso à campanha, e estão tentando ganhar seu lugar ao sol,
aparecendo sem precisar enviar notas forçadas para canais de fofoca. Aparecer
aqui se tornou regra.
Parabéns aos
brasileiros. Conseguiram estragar mais uma campanha séria, que tinha por
objetivo atrair a atenção da população para uma doença grave, tornando o
desafio em uma simples troca de favores, para publicidade gratuita. Enquanto
isso, o Instituto Paulo Gontijo espera as doações desses sem-vergonhas.
Se você quer
fazer a diferença, entre nesse site: http://www.abrela.org.br/ e veja como doar
e ajudar de verdade.
Fonte: Diário da Manhã.