O comando da seleção brasileira detectou má vontade da Fifa com a seleção brasileira bem antes de Neymar sofrer a joelhada de Zuñiga.
A expressão nos
bastidores da entidade que mais chamou atenção dos chefes foi "o Brasil
não pode virar um Schumacher", uma referência ao piloto da Fórmula 1 que,
ao conquistar sete títulos, teria esvaziado a categoria do automobilismo. O
hexa do Brasil não seria interessante para o negócio futebol.
Segundo
comentários dentro da comissão técnica da seleção, a Fifa não gostaria de ver o
Brasil ser campeão pela sexta vez, façanha difícil de ser alcançada por outra
seleção. As concorrentes mais próximas são Alemanha, dona de três títulos, e
Itália, com quatro. Daí a comparação ao feito de Michael Schumacher na Fórmula
1.
A Fifa, segundo
avaliação dentro da seleção, concedeu ao Brasil o direito de sediar a Copa de
2014 por questões políticas e interesses financeiros da própria entidade. Mas,
no aspecto técnico, no campo de jogo, seria um desastre a seleção brasileira
conquistar mais um título.
De acordo com o
pensamento do comando da seleção, as arbitragens têm sido pouco severas com os
adversários da seleção e não anotado lances capitais favoráveis ao Brasil desde
o pênalti sofrido por Fred na estreia contra a Croácia. E ainda têm ignorado
confissões de culpa de alguns jogadores, como o atacante holandês Robben, por
exemplo, que disse ter simulado pênalti contra o México.
"Eles batem
e batem e batem e não acontece nada. Todo mundo sabia que Neymar seria caçado.
Há três jogos que avisamos isso. Todo mundo acha que só os jogadores da
Alemanha são caçados. O Neymar, não. Podem bater à vontade porque não vai
acontecer nada mesmo. A gente vem falando sobre isso a toda hora, mas ninguém
acha que isso é verdade", insistiu Felipão na entrevista logo depois da
partida contra a Colômbia, quando ele ainda não sabia da gravidade da lesão de Neymar.
O argumento do
treinador tem como base os números fornecidos pela Fifa a respeito das faltas
sofridas por Neymar, na maioria das vezes muito violentas. Foram 18 faltas
recebidas em cinco jogos. Estatísticas da seleção apontam ainda que o craque
foi vítima de lances violentos nos primeiros cinco minutos de cada jogo - uma
tentativa de intimidação e também de tirá-lo dos jogos.
Um exemplo foi a
forte entrada que levou no início do jogo contra o Chile - um tostão na coxa
esquerda - e depois uma pancada no joelho. Em nenhum dos dois lances os
jogadores chilenos foram advertidos pela arbitragem. O mesmo aconteceu com
Zuñiga. No lance, aliás, nem falta foi marcada.
Do jogo contra os
chilenos também ficou a certeza, na seleção e na CBF,
que a Fifa está mesmo disposta a apertar o cerco contra o Brasil, ao punir
neste sábado Rodrigo Paiva, assessor de imprensa da seleção, com uma suspensão
por quatro jogos por agressão ao atacante chileno Pinilla. Com isso, ele não
poderá mais trabalhar nesta Copa. Paiva terá ainda de pagar uma multa de 10 mil
francos suíços - cerca de R$ 25 mil reais.
A Fifa alega que
Paiva agrediu o atacante Pinilla, do Chile, em uma confusão entre as duas
comissões técnicas no intervalo do jogo no estádio do Mineirão, em Belo
Horizonte. Para surpresa da CBF, do técnico Felipão e do coordenador Parreira,
nenhum chileno foi punido no incidente. Sobrou apenas para Paiva e, por tabela,
para a seleção.
ESTRANHO - Carlos Alberto Parreira,
coordenador técnico da seleção, com muito conhecimento dentro da Fifa - já
trabalhou diversas vezes para entidade como observador dos jogos em Copas do
Mundo -, também estranha o fato de ter batido forte na Fifa sem sofrer nenhuma
punição.
Após a dramática
classificação às quartas de final na disputa por pênaltis contra o Chile,
Parreira deu declarações em inglês levantando suspeitas de um possível complô
da Fifa contra o Brasil na Copa. Parreira falou grosso e a Fifa o ignorou, sob
o argumento de que o coordenador da seleção teria se manifestado ainda no calor
do jogo, emocionado com a classificação do Brasil.
A leitura que a
comissão técnica fez desse episódio é de que a Fifa, quando atacada, prefere
não se expor para não escancarar suas preferências. Uma punição a Parreira
seria colocar em dúvida a credibilidade da entidade nas questões disciplinares.
Fonte:
Exame.com