As urnas das três últimas eleições
presidenciais na América do Sul deixam claro: os candidatos com discurso
conservador estão em alta no continente. Na Colômbia, que terminou de contar
votos no domingo 15, Chile e Venezuela nenhum dos chamados 'direitistas' se
elegeu, mas deram trabalho muito além da conta esperada para quem estava no
poder ou procurou voltar depois de um mandato consagrador.
A fotografia
mais recente desse fenômeno de fortalecimento das oposições é o presidente
reeleito da Colômbia, Juan Manuel Santos. Reeleito agora com 51% votos, contra
45% do opositor conservador Oscar Zuluaga, ele simplesmente perdeu a disputa em
primeiro turno, contrariando os prognósticos de que obteria uma vitórita
tranquila. A disputa foi, na prática, um grande plebiscito, com o tema do
comportamento oficial diante das Farc dominando todos os debates. Com uma
proposta de aprofundar as negociações com o grupo armado, em contraposição à
proposta de eliminar os guerrilheiros por meio de uma guerra na selva, Santos
venceu, mas por muito pouco.
A surpresa de
uma eleição mais dura do que parecia inicial já havia baixado sobre o chavista
Nicolás Maduro, na Venezuela. Em abril do ano passado, no exercício do cargo de
presidente, que lhe fora passado pelo então recém falecido Hugo Chávez, Maduro
superou seu adversário Henrique Capriles por apenas 1,6% dos votos. O resultado
foi contestado e, como se recorda, manifestações de massa tomaram as grandes
cidades venezuelanas logo nos primeiros momentos da gestão de Maduro. Foi preciso
acentuar a repressão policial aos protestos para atenuar a situação criada.
Para a
presidente socialista Michele Bachelet, do Chile, o quadro eleitoral igualmente
se mostrou bem mais adverso do que indicavam os chamados especialistas em
comportamento eleitoral. Com oito adversários no primeiro turno, ela não
alcançou os 50% mais um voto necessários para encerrar a disputa pela via
rápida. Em dezembro, confirmou seu favoritismo sobre a candidata governista
Evelyn Matthei, mas no mês passado também enfrentou os primeiros protestos
estudantis nas ruas da capital Santiago. Ela governa, mas a pressão aumenta.
Não há relação
direta entre os resultados eleitorais de Colômbia, Chile e Venezuela entre si,
nem se pode dizer que haverá reflexos nas urnas de outubro das eleições
presidenciais brasileiras. O que fica da rodada democrática nos países do
continente é a lição da volatilidade do eleitorado, e do fortalecimento do
desejo de mudança – ainda que este seja representado por candidatos
conservadores que empunham bandeiras clássicas da direita política. Os
governantes Santos e Maduro ganharam, assim como Michele voltou ao poder do
qual saiu com 84% de aprovação, mas nenhum deles teve vida fácil. Ao contrário,
seus opositores não apenas deram lhes uma enorme canseira, como também ganharam
condições de exercer uma oposição bastante forte sobre os governos. A ver como
será no Brasil.
Fonte: Brasil 247.













