O Brasil amanheceu, nesta quinta-feira, 12 de junho
de 2014, um dos dias mais importantes de sua história, numa situação bem
distinta da que muitos imaginavam. Na noite de ontem, a greve que mais
preocupava os organizadores da Copa, a dos metroviários, em São Paulo, foi
rejeitada por ampla maioria. Assim, os torcedores poderão utilizar o meio de
transporte mais recomendado para chegar à Arena Corinthians, palco do pontapé
inicial entre Brasil e Croácia, nesta tarde.
Dias antes, uma negociação conduzida pelo Palácio
do Planalto com o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto obteve êxito e impediu
que novos protestos fossem marcados para o dia de hoje – uma vitória, quando se
leva em conta que, na semana passada, o MTST levou 12 mil pessoas ao Itaquerão.
"Nossas reivindicações foram atendidas", disse Guilherme Boulos,
líder do MTST. Entre essas reivindicações, ele cita a inclusão de mais sem-teto
no Minha Casa, Minha Vida e a destinação de um terreno próximo ao Itaquerão
para a habitação popular.
Foram dias tensos e difíceis, os que antecederam
este 12 de junho, quando muita coisa parecia que poderia dar errado, mas os
obstáculos maiores foram superados. Por isso mesmo, foi em tom de desabafo que
a presidente Dilma Rousseff foi à televisão, na noite da última terça-feira,
para pedir a união do povo brasileiro, em torno da festa que se inicia
hoje. "Os pessimistas diziam que não teríamos Copa porque não
teríamos estádios. Os estádios estão aí, prontos", afirmou. "Diziam
que não teríamos Copa porque não teríamos aeroportos. Praticamente, dobramos a
capacidade dos nossos aeroportos. Eles estão prontos para atender quem vier nos
visitar; prontos para dar conforto a milhões de brasileiros. Chegaram a dizer
que iria haver racionamento de energia. Quero garantir a vocês: não haverá
falta de luz na Copa, nem depois dela."
Para agentes político-midiáticos que apostaram no
fracasso, como a revista Veja, que, em maio do ano passado, previu que os
estádios só ficariam prontos só em 2038, há um risco. Como as expectativas em
torno do Mundial foram excessivamente rebaixadas, um torneio que transcorra
dentro de padrões mínimos de normalidade já será percebido como um grande
sucesso. E depois dele virá a Copa que realmente importa, que são as eleições
de outubro. A sorte está lançada.
Leia,
abaixo, reportagem da Agência Brasil sobre a estreia:
Da
Agência Brasil
Depois
de 64 anos, o Brasil volta a sediar a Copa do Mundo. A partida de abertura será
realizada hoje (12) na Arena Corinthians, em São Paulo, entre as seleções do
Brasil e da Croácia. O jogo está marcado para as 17h (horário de Brasília). Ao
todo, 64 partidas serão disputadas ao longo da competição, que segue até o dia
13 de julho.
Para
chegar aos estádios, os torcedores deverão estar atentos às diversas mudanças no trânsito.
Em cada uma das 12 cidades-sede foi adotado um esquema diferente para uso do
transporte público e estacionamento de carros particulares.
Com
as diversas mudanças no entorno das arenas, entidades que defendem os direitos
de quem tem mobilidade reduzida estão preocupadas
com o acesso aos locais dos jogos.
Chegar ao estádio com facilidade e segurança pode ser um desafio para quem
quiser acompanhar os jogos do Mundial.
Cada
cidade definiu um esquema
próprio de feriados e horários de trabalho durante os dias de jogos.
De acordo com a Lei Geral da Copa, os estados, o Distrito Federal e os
municípios que sediarão os eventos podem declarar feriado ou ponto facultativo
nos dias das partidas. Há ainda aquelas cidades que optaram por mudar o horário
do expediente em dias de jogos.
Dentro
do estádio, o torcedor deve estar atento às diversas
restrições impostas pela Federação Internacional de
Futebol (Fifa). Nas arenas não será possível entrar com tablets nem
com mochilas ou sacolas grandes. Durante as partidas do Mundial, também não
será permitida a entrada com instrumentos que produzam som excessivo, tais como
megafones, sirenes, vuvuzelas e, inclusive, a caxirola.
Cerca de 3,7
milhões de turistas – entre eles, 600 mil estrangeiros – são esperados no
Brasil durante o período do evento. A estimativa do Ministério do Turismo é que
eles deixem em território nacional cerca de R$ 6 bilhões. Para conhecer melhor
o país, o turista pode usaraplicativos
para smartphones que
trazem dicas de passeios e roteiros.
O
visitante também pode ter acesso a informações sobre os principais pontos
turísticos, telefones úteis e roteiros alternativos nas 12 cidades-sede com
as dicas
publicadas pela Agência Brasil nas últimas
semanas.
A Copa do Mundo
mexeu ainda com os calendários escolares. Em pelo menos sete das 12
cidades-sede, o recesso do
meio do ano foi antecipado para junho,
e os estudantes terão 30 dias de folga.
Para
o Mundial, o país também se preparou em termos de segurança.
Foram montados centros integrados nacionais e regionais para monitorar a
situação nas cidades-sede. Com investimento de R$ 1,9 bilhão, a operação de
segurança e defesa conta com 157 mil agentes da segurança pública e das Forças
Armadas. Policiais estrangeiros também estarão no Brasil. Eles não terão poder
de polícia, mas poderão auxiliar os cidadãos de seus países em caso de
necessidade. Além de agentes dos 31 países que vão participar do Mundial, serão
enviados policiais de mais 15 países convidados.
O
Ministério da Saúde vai monitorar situações de emergência pública registradas
durante a Copa por meio de um centro nacional de operações com base em
Brasília. O Centro Integrado de Operações Conjuntas da Saúde (Ciocs) foi
ativado no dia 28 de maio e segue em funcionamento até 23 de julho. Nas
cidades-sede, cerca de 10 mil
profissionais de saúde da rede pública, capacitados pelo
ministério, estarão atuando durante o Mundial.
Na
expectativa para a Copa, crianças, jovens e adultos encontraram na troca e na
coleção de figurinhas uma
maneira de entrar no clima do Mundial. Em várias capitais, pontos de troca
atraíram a atenção dos brasileiros e o encontro nesses locais virou programa de
domingo para as famílias.
Apesar
do clima de festa em alguns lugares, o sentimento dos brasileiros está dividido quando o
assunto é Copa do Mundo. Muitos sentem uma mistura de
ansiedade e animação com a proximidade dos jogos e com o evento no território
brasileiro. Entretanto, a indignação e a insatisfação com os gastos feitos pelo
governo para a realização do evento não são ignoradas.
Para
o período do Mundial, movimentos sociais planejam
protestos e mobilizações.
Eles criticam os
gastos com a construção e reforma de estádios, a isenção fiscal concedida à
Fifa e demais empresas ligadas à promoção do Mundial, os despejos
e as remoções decorrentes de obras para a Copa, a
proibição do trabalho de ambulantes nas proximidades dos estádios, o aumento
da exploração
sexual de crianças e adolescentes (que estarão mais
vulneráveis durante o evento devido ao período de férias) e o processo de
expulsão das populações de rua de áreas nobres das
cidades.
Em documento,
a Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa (Ancop) convoca a
população a se manifestar durante os jogos do campeonato: “Estar nas ruas
durante a Copa do Mundo é um ato de fortalecimento da democracia e de um novo
modelo de país que avance na participação direta do povo e na construção de
políticas públicas efetivas em favor da justiça e igualdade social”.
Nos
últimos meses, esses movimentos
intensificaram a agenda de protestos e fizeram
manifestações nas cidades-sede, cobrando dos governos que priorizem o
investimento em políticas sociais e deem respostas às denúncias de violação de
direitos humanos. Para o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, entretanto, o clima de
festa durante o campeonato reduzirá as manifestações no
país.
O
governo federal defende que a Copa deixará legados,
como a melhoria na infraestrutura das cidades e o incremento no turismo, e
trará ganhos econômicos para o Brasil. Segundo o Ministério do Turismo, na Copa
das Confederações, em junho do ano passado, os estrangeiros
gastaram, em média, R$ 4.854 durante os 14,4 dias em que permaneceram
no Brasil.
Fonte: Brasil 247.













