A 35 dias da
abertura da Copa do Mundo, uma greve violenta, no Rio de Janeiro, com a
depredação de 325 ônibus, e um protesto de integrantes dos movimentos sem terra
e sem teto, em São Paulo, que fez tomadas-relâmpagos e pichou as sedes das
empreiteiras Odebrecht, OAS e Andrade Gutierrez, sacudiram a manhã das duas
maiores cidades do País.
Beatriz Pasqualino – Repórter
da Radioagência Nacional
Cerca de 100 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem
Terra (MST) ocuparam por 15 minutos o hall de entrada do escritório da
construtora Odebrecht, na Marginal Pinheiros, na zona oeste da capital
paulista. Eles se juntaram aos manifestantes do coletivo Resistência Urbana,
que faz hoje (8) três atos na capital paulista contra os gastos da Copa do
Mundo.
Os militantes do MST saíram em marcha junto com os
integrantes do coletivo Resistência Urbana, no Metrô Butantã. Os sem terra
decidiram entrar na sede da empresa e picharam as paredes do prédio. Durante a
entrada, os seguranças recuaram, evitando o confronto.
"Odebrecht ganha bilhões com a Copa em cima do sangue de
operários e do dinheiro de todos nós", diz um das faixas do grupo. Em
outro cartaz, a foto do diretor-presidente da empresa é divulgada com a frase
"Fora, Odebrecht". Por volta das 11h, o movimento foi encerrado.
Para Kelly Maffort, integrante da direção nacional do MST, um
dos impeditivos para a reforma agrária no país é a designação de um orçamento
de apenas 0,15% para essa política. "Esse número é extremamente baixo e
cai a cada ano, mas o Estado brasileiro tem se dedicado a grandes investimentos
em grandes eventos, com a Copa", declarou. Ela critica também o fato de
que os recursos públicos estejam sendo destinados para empresas.
Em relação à Odebrecht, ela destacou que a empresa, embora
seja mais conhecida pelos empreendimentos na área de construção civil, também
está ligada ao agronegócio por meio da empresa ETH, que atua no setor
sucroalcooleiro, como ocorre no Pontal do Paranapanema, extremo oeste do
estado. A região é conhecida por conflitos agrários relacionados a grilagem de
terra.
A Agência Brasil procurou a construtora para que ela pudesse
comentar o ato, mas, até o momento da publicação desta matéria, não houve
retorno.
Os integrantes do MST retornaram ao alojamento no Butantã,
onde estão acampados desde ontem, e os integrantes do coletivo Resistência
Urbana se dispersaram.
A Odebrecht foi a responsável pela construção do Itaquerão,
estádio do Corinthians que vai sediar o jogo de abertura da Copa do Mundo em
São Paulo.
Estava previsto para hoje um ato no estádio, durante a visita
da presidenta Dilma Rousseff. A atividade, no entanto, foi suspensa, porque,
segundo o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), o governo federal se
comprometeu a receber o movimento. "A pauta é mudanças no Programa Minha
Casa, Minha Vida, medidas de prevenção de despejo forçado no país e uma nova
lei do inquilinato", enumerou Guilherme Boulos, um dos coordenadores do
MTST.