Às
favas com sutilezas e dissimulações. Na nova novela das sete da noite, que
'entrega' audiência para o Jornal Nacional, principal produto editorial da
emissora dos três Marinho, só não vê quem não quer. Numa mistura de letras e
números, como códigos de computadores, o logotipo de Geração Brasil destaca de
maneira pouco disfarçada os números 40, na primeira linha, e 45, na segunda.
São também esses os números que estarão nas urnas eletrônicas de outubro
identificando, respectivamente, os candidatos Eduardo Campos, do PSB, e Aécio
Neves, do PSDB. Coincidência? A julgar pelo histórico de parcialidade política
da Globo, não.
A mensagem subliminar a favor do 40 e do 45 se dá à frente de
uma trama em torno de um brasileiro que fez fama e fortuna nos Estados Unidos
no sofisticado ramo da tecnologia de computadores. É fácil entender porque o
logotipo da novela contém elementos alfanuméricos, assim como são os códigos
dos computadores, mas a questão está no resultado dessa mistura.
Entre as infinitas combinações que poderiam ser feitas nas
duas palavras Geração Brasil, escolheu-se as que permitem ler 40 e 45. Não há
chance de se enxergar, por exemplo, um 13 ali, o número do PT. Ou um 15, que
representa o PMDB. Também não dá para ver o 11 do PP ou o 55 do PSD. Mas o 40 e
o 45 estão lá.
Em qualquer outra emissora, a, digamos, coincidência poderia
passar batido. Tome-se, por exemplo, a Rede Bandeirantes. Desde 1989, a
emissora da família Saad promove debates presidenciais, mas nenhum deles foi
acusado de ter ardis contra candidatos.
Já na Globo de João Roberto
Marinho e seus dois irmãos é diferente. No limiar da redemocratização, também
em 1989, no debate entre os então presidenciáveis Fernando Collor e Lula, já em
pleno segundo turno, o primeiro entrou com uma pasta que escondia papéis sem
valor. Mas brilhou no ar global como se contivesse um dossiê contra Lula. No
dia seguinte, a edição do Jornal Nacional entrou para a história pela edição do
debate, francamente desfavorável a Lula. Em suas memórias, o então chefão global
Boni admitiu, divertindo-se, que muito fora feito nos bastidores para prejudicar o postulante do PT.
Antes, em 1982, quando o adversário político dos Marinho, no
Rio de Janeiro, era o então candidato a governador Leonel Brizola, a emissora
contratou a consultoria Proconsult para realizar uma apuração paralela à
oficial. Enquanto as urnas deram a vitória a Brizola, a Proconsult tudo fez
para que os resultados de sua contagem apontassem outro vencedor. Mas deu
errado.
Para quaisquer outras dúvidas a respeito do DNA ideológico da
Globo, basta lembrar que a emissora nasceu e floresceu durante e à sombra da
ditadura militar. Agora, em tempos de democracia, as preferências globais se
mostram de outra maneira – de reportagens especiais no Jornal Nacional até o pensamento
único que alinha seus comentaristas, passando também, ao que se vê, pelo
logotipo de Geração Brasil.
Fonte:
Brasil
247.