O jornalista Glenn Greenwald disse, em
entrevista exibida ontem (29) no programa Observatório da Imprensa, da TV Brasil, que o Brasil deveria conceder asilo
político a Edward Snowden, que vive na Rússia. Foi Greenwald que divulgou pelo
diário inglês The Guardian informações
sobre o esquema de espionagem do governo norte-americano, denunciado por Snowden. Quando as primeiras informações sobre
o assunto vieram à tona, Snowden pediu asilo político a 21 países, entre os quais o Brasil.
“Acho que
Brasil e Alemanha têm obrigação de proteger Snowden, porque ele
protegeu a liberdade de informação desses países”, disse Greenwald. Para ele, o
ex-colaborador da Agência Nacional de Segurança (NSA) precisa ser recebido por
um país com força para aguentar possíveis reações dos Estados Unidos, e o
Brasil seria um deles. Ele diz que, no entanto, o país “tem medo” de enfrentar
os norte-americanos.
Na
opinião de Greenwald, Snowden não se arrepende de ter feito as denúncias, mesmo
sendo obrigado a viver longe da família, em um país tão diferente do seu. “Ele
está sem família, mas ele sacrificou isso sabendo exatamente o que estava
fazendo. Ele é muito feliz, porque as consequências do que fez são maiores do
que imaginávamos. Eu acho que ele não se arrepende nem um pouco. Quando você
tem convicção no que faz, você não se arrepende”.
O
jornalista ainda fez críticas à administração do presidente Barack Obama.
Segundo ele, a perseguição do governo norte-americano contra jornalistas nunca
foi tão grande, ameaçando processar e impedir a publicação de reportagens. “Tem
muita gente que não gostou do governo Bush, e tinha esperança de mudança com
Obama. Mas mudou pouco, e em algumas coisas piorou muito. Ele está perseguindo
jornalistas com muito mais agressividade do que qualquer outro governo”.
Greenwald
trabalha agora em um site de
notícias chamado The Intercept, uma plataforma do First Look Media, projeto
financiado pelo fundador do e-Bay, Pierre Omidyar. Bastante animado, o jornalista
diz que agora tem dinheiro para fazer um jornalismo livre, contratar equipe de
repórteres, editores e advogados para enfrentar o governo. “Ele [Omidyar] está
voltado ao jornalismo com independência, e disse que não se envolverá nas
reportagens”.
Fonte: Brasil 247.