Carlos Alberto Mesquita, 59,
vereador mais antigo em atividade na Câmara de Fortaleza - já são 12 anos - não
é um político comum. Odiado pelos setores chamados de progressistas, defensor
de causas tidas como conservadoras e eterno aliado dos governos de plantão, não
importando a ideologia, tinha tudo para ser execrado onde aparecesse. Não é
assim.
Mesquita, calo dos progressistas,
tem o gabinete quase sempre cheio de eleitores que denomina de “fieis”. Suas
posições consideradas reacionárias também não o impedem de estar próximo de
quem o renegou no passado. É o caso do PT pró-Luizianne Lins, a quem no segundo
mandato na Prefeitura emprestou apoio no parlamento. “Olhe o mapa da votação do
Elmano de Freitas e veja onde ele ganhou”. Justiça se faça: o petista obteve
vitória nos redutos eleitorais comandados por Mesquita, na área da Barra do
Ceará e entorno.
Talvez, por isso, afirme convicto
que seja um político “de direita, de centro e de esquerda, dependendo do que
achar que seja correto no momento”. Como reforço, Mesquita relata que não se
importa com críticas dos ditos formadores de opinião. “Não faço discurso
escrito nem me pauto por manchetes de jornais. O que eu digo vem do coração, e
modéstia à parte, são poucos os que não param para me ouvir”.
Também não nega seu viés
assistencialista para manter eleitores. “Meu eleitorado me ama, e eu amo meu
eleitorado”, declara. O segredo para essa revelada reciprocidade seria a
relação de proximidade. “Estou sempre nas comunidades onde sou votado. Ali, ajudo
os doentes, os que precisam de um apoio”. Apoio que pode se materializar
financeiramente. “Sou capaz de sair com R$ 2 mil no bolso e voltar sem nenhum
tostão, só porque as pessoas me pedem para um remédio ou alguma coisa para
comer”. Para ele, isso é o mínimo que pode fazer para retribuir o carinho que
recebe. “Hoje a atuação do vereador se resume a dar nome de rua e atender
pedido de emprego. Tem dia aqui no meu gabinete que parece o posto do Sine/IDT”.
Para entender a imagem do político
assistencialista e dos redutos de bairro, na qual Mesquita se encaixa com
perfeição, é preciso voltar no tempo e conhecer sua trajetória de família
pobre. Criado na antiga favela do Arraial Moura Brasil, área onde hoje fica o hotel Marina
Park,
passou fome, de ter que pedir tripa de galinha nos frigoríficos das redondezas
para alimentar a família composta de um pai guarda de trânsito, da mãe
costureira e mais três irmãos. Foi nessa condição que um fato definidor marcou
sua vida, ainda aos 11 anos.

Como não havia televisão em casa,
assistia na vizinha, até que certo dia ela disse que ele, por já estar
crescido, só entraria lá de calça comprida. Nem tinha a calça, muito menos a
família dinheiro para comprá-la. Depois desse episódio o pai reuniu todos e
profetizou que a partir daquela data Mesquita teria a incumbência de estudar e
ser alguém na vida. Aprovado no exame de admissão à antiga Escola Técnica
Federal, teve que fazer bico na cantina para custear os estudos. Ao final dos
quatro anos do curso de Eletrotécnica, não só tirou o primeiro lugar no curso,
como foi o primeiro lugar geral na instituição. Os dois feitos lhe renderam uma
viagem a Brasília, para receber o diploma das mãos do então ministro da
Educação, Nei Braga, e um estágio na Volkswagem, em São Paulo. Na multinacional
alemã chegou a ser empregado, mas uma doença grave de sua mãe o fez abandonar
tudo e retornar a Fortaleza. “Foi o destino”, conforma-se.
Frase
“Na política (quase) todos os amigos são falsos e
todos os inimigos são verdadeiros”
Fonte: O Povo.