Olá mãe Dilma! Tudo bem? Desculpe por eu estar falando assim cansado, mas é que eu e alguns amigos estávamos perseguindo uns ratinhos, para mandar para o povo do Piaui. Que hamster nada, é ratinho da peste mesmo. Não mãezinha, o povo não quer para criar, mas para comer assado no espeto.
A senhora não imagina como a fome está braba. Tem casas em que as famílias ficam reunidas à mesa, olhando a propaganda da Friboi e comendo uma cuia de farinha. Depois elas lambem um pedaço de rapadura, bebem um caneco d’água, e vão se deitar.
Mãe, é verdade que a senhora gasta mais de R$ 50 mil por mês só com papel higiênico? Verdade, o papel da presidente não pode ser qualquer um. Imagine uma presidente se limpando com sabugo, folha de jornal, papel de embrulho, ou folhas de mato, como as crianças e os professores de escolas do Nordeste o fazem. Seria uma vergonha nacional.
Mãe, o que está acontecendo com o milho que a senhora prometeu aos nordestinos. Ave, os depósitos da Conab estão superlotados, mas o pessoal lá diz não distribui porque a senhora não libera. A senhora está guardando esse milho para a campanha? A senhora ainda é do tempo em que os políticos balançavam a cuia? Hoje em dia só quem corre atrás de cuia de milho é bode, porco e galinha.
Mãe, a senhora está precisando de algum dinheiro? Não, é que tem um senador dizendo que a Petrobras está com um débito de mais de R$ 280 bilhões. É verdade? Por favor, não fique ai acanhada, passando aperreios. Se precisar de dinheiro mande dizer quanto é, que a gente faz uma vaquinha "genuína" e manda a grana para a senhora.
Voltando ao assunto do povo que está comendo ratos, no Piauí, nem se preocupe, pois essa gente não tem como ir a Brasília. Sim, claro que haveria uma chacina no Congresso Nacional. Mãe tenha certeza de uma coisa: o povo do mato só come ratinhos caseiros. Ratos de paletós ele não come, com medo de engasgar com a gravata.
Quando o Guimarães vir peça para ele trazer, na cueca, alguns rolos desse seu papel higiênico acetinado. Eu quero transformá-los em lencinhos perfumados.
Grande abraço, mãe Dilma. Até a próxima.
Silveira Rocha
