Uma
nota publicada pela coluna Radar, deste fim de semana, informa que a Globo, dos
irmãos Marinho, viveu, em 2013, o melhor ano de sua história. O faturamento
alcançou R$ 14,4 bilhões, com crescimento de 9,2% sobre o ano passado. 2014
será ainda melhor e o motivo é um só: a Copa do Mundo, cujos direitos de transmissão
para mais de 200 países pertencem à Globo.
Isso
significa que, do ponto de vista empresarial, nenhum grupo econômico tem tanto
interesse no sucesso da Copa do Mundo de 2014 como a própria Globo. Portanto,
deveria ser a maior interessada em lutar para que o Mundial transcorresse num
clima de paz e normalidade.
No
entanto, como as cotas de patrocínio já foram vendidas, os lucros já estão
garantidos. E a capa da revista Época deste fim de semana revela que, agora, é
a hora de mostrar a outra face da Globo, a face política.
Neste sentido, a Copa é uma espécie de
bomba-relógio prestes a explodir. E, como todos sabem, quantos mais protestos,
maiores as chances da oposição em 2014.
Leia, abaixo, um trecho da reportagem
"O risco-Copa", da revista Época:
O risco Copa
Confrontos em protestos, obras
pela metade e custos que assustam turistas. O Mundial de 2014 enfrenta ameaças
graves – e exige um esforço final que garanta uma festa cativante e segura
LEOPOLDO MATEUS, RAPHAEL GOMIDE, RODRIGO TURRER E
VINICIUS GORCZESKI, COM LEANDRO LOYOLA, FLÁVIA TAVARES E ALINE IMERCIO
O suíço Joseph Blatter,
presidente da Fifa,
estava desconfiado desde o início. No dia 30 de outubro de 2007, ao anunciar o
Brasil como sede da Copa de 2014,
ele disse: “O Comitê Executivo decidiu, unanimamente, dar a responsabilidade,
não apenas o direito, mas a responsabilidade de organizar a Copa de 2014 ao
Brasil”. Responsabilidade. A palavra nunca aparecera em anúncios anteriores. “A
Copa do Mundo de 2010 será organizada na África do Sul”,
disse Blatter ao abrir o envelope em maio de 2004. “O vencedor é a Alemanha”,
afirmou, em julho de 2000. Para 2014, não houve disputa. A Fifa criara um
rodízio entre continentes, hoje abandonado, e era a vez da América do Sul.
Como único candidato, o Brasil recebeu a Copa com pouco esforço – e Blatter
quis dizer, para o mundo ouvir, que os brasileiros tinham obrigação de realizar
um bom trabalho. Semanas atrás, ele afirmou: “O Brasil é o país com mais
atrasos desde que estou na Fifa”.
A impaciência parece justificada.
Blatter lembrou que o Brasil foi o único a ter sete anos para organizar a Copa
do Mundo. A Alemanha e a África do Sul tiveram seis. A Fifa também não queria
uma Copa tão complexa como a que o Brasil decidiu organizar. Preferia um
torneio com dez cidades sedes, como fez a África do Sul. Em 1994, os Estados
Unidos fizeram sua Copa em nove cidades. O governo brasileiro insistiu em
realizar um Mundial com 12 sedes – mesmo número da Alemanha em 2006 –, com
logística mais complexa e gastos mais vultosos. Nos últimos anos, o custo do
Mundial subiu de forma escandalosa. A previsão inicial de gastos era de R$ 17
bilhões. Em junho último, o Grupo
Executivo da Copa do Mundo (Gecopa) atualizou o total para R$ 28 bilhões e
anteviu um acréscimo de ao menos R$ 5 bilhões até a bola rolar – um total de R$
33 bilhões. Dessa quantia, a União será responsável por 85,5%, e o setor
privado por 14,5% – cerca de R$ 4,7 bilhões. Em 2007, em Zurique, o então
presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmara: “Tudo será bancado pela
iniciativa privada”.
A apenas quatro meses do início do
Mundial, as cidades brasileiras deveriam estar coloridas com as cores do
Mundial. Banners, bandeiras, Brazucas e Fulecos gigantes deveriam já alimentar
um clima festivo no país. Em vez disso, o Brasil segue tomado pela dúvida sobre
sua capacidade de organizar a Copa de forma satisfatória. Na semana passada, as
inquietações foram estampadas na capa da tradicional revista francesa France Football, com a manchete “Medo sobre o
Mundial”. Para a publicação, a Copa tornou-se uma “fonte de angústia”. A
presidente Dilma Rousseff repete que o Brasil
fará “a Copa das Copas”. Apesar das dificuldades, isso ainda é possível. Poucos
países desejaram tanto receber o Mundial de futebol quanto o Brasil, e os
ingredientes necessários para uma competição profissional, cativante e
histórica continuam presentes. Para realizá-la, será preciso superar as várias
ameaças e desafios que cresceram nos últimos anos. ÉPOCA relaciona na
reportagem de capa desta semana os principais riscos.
Fonte: Brasil
247.













