Alguns
municípios cearenses estão sem receber água dos carros-pipa da Defesa Civil do
Estado. O problema ocorre porque duas empresas contratadas pelo Governo para
realizar os serviços não apresentaram prestação de contas nem relatórios
comprovando a distribuição. Processo administrativo foi aberto para apurar as
irregularidades. Com isso, o pagamento a elas foi cortado e a operação está
suspensa, deixando algumas localidades sem cobertura.
É o caso do município de Alcântaras (285 km de Fortaleza),
que, de acordo com o prefeito, está há três meses sem a água antes trazida
pelos caminhões da operação. “É uma enrolada tão grande da Defesa Civil que a
gente está tendo que se virar para não morrer de sede. Eles dizem que vão
mandar (os caminhões) e não mandam”, relata o prefeito Eliésio Fonteles (Pros).
Para contornar a situação, ele diz que a Prefeitura está
gastando R$ 54 mil por mês com o pagamento de três caminhões particulares para
levar água às comunidades. “A situação é crítica, não queira estar no nosso
lugar”, adverte e acrescenta que a situação se repete em Meruoca, município
vizinho.
O coordenador da Defesa Civil de Várzea Alegre (446,1 km de
Fortaleza), George Ditu, disse que a população ficou apreensiva ante a
possibilidade de suspensão no município. Porém, segundo ele, houve a promessa
de que a operação será retomada no próximo dia 15, conforme já era previsto.
Além da operação estadual, muitos municípios são atendidos por caminhões do
Exército, o que evita situação mais grave.
O deputado João Jaime (DEM), que preside a Comissão Especial
da Seca na Assembleia Legislativa, classificou a situação como “inadmissível”.
Ele chegou a apresentar lista com 25 municípios que estariam sem assistência
devido à suspensão da operação. Mas, segundo o parlamentar, o número pode
chegar a mais de 40. “O Governo diz que é por problemas na prestação de contas,
mas estamos em uma situação de emergência e a barriga do povo não pode esperar
pela burocracia”, critica.
Explicação:
O coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Hélcio
Queiroz, contestou os dados do deputado. Ele não soube quantificar os
municípios onde ocorre o problema, mas disse que são “muito menos” que 25 e que
o parlamentar estaria “politizando” a questão. De acordo com ele, as empresas
Constran e Monte Horebe – contratadas para fornecer e transportar água em
algumas áreas do Estado não fizeram a devida prestação de contas. “As empresas
não estão comprovando a distribuição de água e isso é grave. (...) Não podemos
ser irresponsáveis com o dinheiro público”, diz o coordenador. Sem dar
detalhes, ele diz que o Governo trabalha com outras estratégias de abastecimento
para não prejudicar a população.
Fonte: O Povo.