domingo, 3 de novembro de 2013

Ótima matéria do jornal O Povo: O ativismo até suas últimas conseqüências.

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O atual momento do Brasil colocou novamente em evidência a efervescência do ativismo, em nome de diversas bandeiras. Muitas dos que integram esses movimentos estão dispostos a tudo - tudo mesmo - por suas causas.
Na primeira desocupação do Parque do Cocó, em agosto, Gustavo Mineiro subiu no alto dos galhos, entre folhagens, para impedir a derrubada das árvores. Dias depois, com o acampamento já refeito e sob ameaça de nova investida policial, ele se acorrentou às árvores, disposto a ser arrancado de lá junto com elas se fosse preciso. Daquela vez não foi. 
Mais alguns dias se passaram e ele, junto com outros ativistas, iniciou uma greve de fome em protesto. Na segunda e última desocupação, em outubro, não teve jeito. Iniciado o confronto e vendo que já não havia mais nada a fazer, Mineiro resolveu (pasmem) correr nu pela rua e enfrentar os policiais.
“Eu já tinha feito tudo o que é cabível a um ser humano, dentro do que as pessoas acham válido. Naquela hora não pensei. Foi mais instinto do que razão. (...) Era como se, fisicamente, eu não estivesse ali”, narra Mineiro, que até hoje diz não se sentir à vontade para falar do episódio. Segundo ele, foi um misto de “desespero, revolta e vergonha”. Estudante de Cinema, ele chegou a Fortaleza há apenas dois anos, vindo de São Paulo, onde desde a adolescência já militava em várias causas.
Atitudes como essas são comuns a ativistas de diferentes movimentos e bandeiras, que estão dispostos às mais variadas e impulsivas ações em nome das causas que defendem. Para Mineiro e para outros militantes ouvidos por O POVO, o ativismo não deve ter limites. A percepção entre eles é de que o ideal que representam é algo maior, que deve ser levado adiante mesmo que isso imponha sacrifícios e implique riscos constantes.
“O ativismo em si não mede consequências. Mas há diferentes estágios. (...) A gente sabe do risco que corre a partir do momento em que entra no ativismo”, diz a administradora Jane Santos, de São Paulo. Ela é uma das ativistas que se acorrentou aos portões do Instituto Royal, em São Roque, em protesto contra a utilização de cães como cobaias em pesquisas científicas. Dias depois, um grupo de ativistas entrou no instituto, de madrugada, e retirou do local 178 cães da raça Beagle.
Jane é adepta do chamado “ativismo de impacto”, que realiza ações com potencial de grande repercussão para chamar a atenção da sociedade. Ela diz que o ativista em geral não está predisposto a correr perigo e sim consciente de que isso pode ocorrer. “Ativista bom é ativista vivo e livre e não morto ou preso”.
Foi em uma dessas ações de impacto que a ativista brasileira Ana Paula Maciel foi presa na Rússia, com outras 29 pessoas, após tentar invadir uma plataforma para protestar contra a extração de petróleo no Ártico. Os ativistas continuam presos, apesar da grande mobilização internacional. (Marcos Robério)
Por quê
ENTENDA A NOTÍCIA
Enquanto alguns ativistas defendem que vale tudo em prol de uma causa, juristas e mesmo outros ativistas argumentam que é preciso haver limites no direito de manifestação, sob pena de pôr em risco a Constituição.
Fonte: O Povo.
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