247 – As promessas da gestão de Giancarlo
Civita e Fábio Barbosa à frente do Grupo Abril começaram, conforme o anunciado,
a serem cumpridas nesta quinta-feira 1. Cerca de 150 profissionais foram
demitidos, e o portfolio de revistas, reduzido. Deixam de circular, a partir de
agora, segundo anúncio oficial da Abril, as revistas Alfa, considerada para um
público de elite, Gloss e Lola, voltadas para meninas adolescentes. A revista
Contigo, que deve ter sua administração transferida para o grupo Caras, perdeu
seu próprio site, que se integrado a um portal já existente.
Os cortes
devem continuar. Pelas contas do presidente do Conselho de Administração,
Giancarlo Civita, e do presidente do Grupo, Fábio Barbosa, a área editorial da
Abril precisa ter gastos enxugados em R$ 100 milhões ao ano. Eles tiveram
dificuldades em fazer as reduções anunciadas agora, em razão de pouca
familiaridade com a companhia. Barbosa, no cargo há pouco mais de um ano, tem
dito a amigos que vê dificuldades em atuar de maneira autônoma em razão da
presença de Gianca e seu irmão Titi Civita, filhos do herdeiro Roberto Civita,
morto este ano.
CUNHADO AFASTADO - Gianca, por seu lado, nunca foi
próximo do dia a dia da empresa, tendo ocupado apenas altos cargos decorativos
quando seu pai comandava o negócio. O ex-diretor Jairo Leal, casado com Roberta
Civita, a terceira herdeira, e considerado o melhor quadro administrativo da
companhia, está afastado. O principal conselheiro de Roberto Civita, o
vice-presidente Thomás Souto Corrêa, igualmente está fora do círculo de tomada
de decisões.
Havia a
decisão, entre Gianca e Barbosa, de fechar a também deficitária revista
Playboy, mas ambos descobriram, ao examinar detidamente o caso, que a multa
recisória junto à franquia americana era muito alta. Não há garantia de que
novas demissões deixem de ocorrer. O facão está afiado na Editora Abril.
Fechar
revistas e demitir profissionais, no entanto, têm efeitos colaterais negativos
na vida da empresa. O corte no portfolio de 52 publicações de periodicidade
regular, ao tempo da gestão de Roberto Civita, pode tornar grande demais para a
empresa o Novo Edifício Abril - portentoso prédio, em São Paulo, pelo qual a
companhia paga, de aluguel, US$ 1 milhão mensais, conforme comentários de
mercado. Além disso, a gráfica da empresa passa a ficar subaproveitada, o que
significa mais custos.
MUDANÇA DE RAMO - No mercado editoral, comenta-se, com
triste ironia, que o Grupo Abril poderia estar mudando de ramo. Afinal,
enquanto suas revistas naufragam por falta de planejamento -- estruturas caras,
com vendas declinantes e baixo faturamento publicitário --, a área que vai vem
dentro da empresa é a Abril Educação. Com investimentos superiores a R$ 1
bilhão, a Abril comprou, nos últimos doze meses, nada menos que 11 colégios
particulares, entre eles a rede Anglo de cursinhos vestibulares. Dali, extrai
dinheiro em cash, todos os meses, de mais de 10 mil estudantes. Fazer revistas,
a julgar pela matemática que guia Gianca e Barbosa, está cada vez menos no foco
da companhia. A exceção é a revista Veja, ainda com influência política sobre a
classe média, e de nítida orientação editorial contra o governo da presidente
Dilma Rousseff. Ali, avisam os, digamos, timoneiros, "ninguém mexe".
Fonte: Brasil 247.