Brasil 247 - Depois de exaltar e estimular as manifestações de junho, que
contribuíram para a queda da popularidade da presidente Dilma Rousseff, os
meios de comunicação conservadores já demonstram incômodo com as violentas
manifestações de rua; capa de Veja desta semana de Veja é emblemática: em vez
de uma bela jovem enrolada à bandeira nacional, há uma "cara-tapada";
como a própria mídia se tornou alvo de anarquistas e Black Blocs, a brincadeira
perdeu a graça; o "sonho" acabou.
A Praça Tahir não é mais aqui. Depois dos protestos de junho, que
levaram alguns analistas a exaltar o chamado "outono brasileiro", que
derrubou a popularidade da presidente Dilma Rousseff e poderia até abreviar o
ciclo do PT no poder, a mídia brasileira não quer mais brincar de revolução.
O primeiro sinal veio do jornal O Globo, na edição de ontem,
quando a manchete principal destacou que apenas 200 pessoas causaram transtorno
a milhares de cidadãos, fechando a Avenida Rio Branco, no centro do Rio (leia
mais aqui).
A virada definitiva, no entanto, vem da Editora Abril, onde a revista Veja que,
há três meses, dedicava uma "edição histórica" às manifestações e
colocava uma bela jovem na capa enrolada à bandeira nacional, neste fim de
semana fala em sua capa dos "caras-tapadas", os jovens que pregam a
anarquia e empregam a violência em seus atos de protesto.
Veja demonstra preocupação com
o 7 de setembro, quando os black blocs, um dos grupos mais violentos da leva
recente de manifestações, planejam um "badernaço". Se esse cenário se
confirmar, em breve, os mesmos veículos que estimularam a onda de protestos de
junho estarão pedindo mais repressão policial. E o eixo das coberturas no
bordão de "mais uma manifestação pacífica que terminou em violência,
quando um pequeno grupo de vândalos..." terá que ser alterado.
Globo, Veja & companhia
estão perdendo a paciência. Especialmente porque também são alvos da indignação
de parte dos manifestantes.
No mundo ideal da mídia
conservadora, haveria apenas anjos rebeldes – de preferência, bem bonitinhos –
protestando contra a ditadura do PT, pedindo a aprovação da PEC 37 e a prisão
dos chamados mensaleiros. No entanto, a realidade não se adequou ao roteiro dos
sonhos dos Civita e dos Marinho.