sábado, 18 de maio de 2013

Tema holywoodiano derrubou ‘Salve Jorge’

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Russo (Adriano Garib) apanhou das traficadas da boate no último capítulo: se fosse personagem de um filme ou seriado, ele não daria esse mole (Divulgação)
À primeira vista, Salve Jorge pareceu uma mera cópia de dois sucessos anteriores de Glória Perez, O Clone (2001) e Caminho das Índias (2008). Mas não foi. No fim das contas, não era uma novela sobre o amor em meio ao choque das culturas ocidental e a oriental, mas uma trama essencialmente sobre o tráfico humano, lançada com a ambição de, além de entreter, interferir na realidade.
Não foi um bom caminho, como o Ibope demonstrou ao longo dos sete meses em que novela ficou no ar – média de 34 pontos até o começo do mês, a pior já registrada por uma novela das 9.
Contravenção de engenharia complexa e que movimenta muito dinheiro, o tráfico internacional de pessoas é, sem dúvida, um prato cheio para a ficção. Mas não é adequado para ancorar uma novela que, apesar do amplo espaço dos seus 180 capítulos, jamais poderia ir fundo na representação do drama das vítimas e da crueldade dos vilões – um filme ou uma série, sim.
Wanda (Totia Meirelles) "encontrou Jesus" na prisão: vilã entrou e saiu fazendo piada (Reprodução)
Dessa forma, tanto a mocinha traficada quanto os mafiosos ficaram enfraquecidos pelas amarras do próprio gênero, que pede muitas idas e vindas, injustificadas e a partir de atitudes que enfraquecem os personagens. Um caso envolvendo escravidão sexual já havia sido mostrado emBelíssima, de Silvio de Abreu, em 2005, por meio da prostituta Taís (Maria Flor). Mas foi uma trama secundária, de curta duração, não o centro da novela. Como aceitar, por exemplo, que os capangas de Russo (Adriano Garib), diante de todas as chances que tiveram, não tenham matado Morena (Nanda Costa) de uma vez?
Com pouca inteligência e muita empáfia – o tal do “sangue nos olhos”, que tentou moldar a “mulher batalhadora da favela”–, a mocinha de Glória Perez não chegaria viva ao final da história, se Salve Jorge fosse um filme. O seriado americano Body of Proof  usou o tema no sexto episódio, Fallen Angel, de sua terceira temporada, no ar nos Estados Unidos pela ABC. Arrancada à força de uma vila na Croácia, a mocinha é morta logo na primeira cena e, já morta, tem seu bebê arrancado do ventre, num beco. Num horário mais adequado – a partir das 22h – e com menos espaço para enrolação, as meias-palavras ficam de lado.
Seria injusto esperar que uma novela mostrasse algo tão extremo. Mas foi justo esperar que o assunto não virasse a piada provocada pelos vilões trapalhões e os policiais nada perspicazes, além das típicas soluções folhetinescas que são aceitáveis só no terreno amoroso, não no contexto policial. Em histórias de investigação, o realismo é essencial e a habilidade do autor está em espelhar a verdade sem fazer um documentário. Longe disso, Salve Jorge demandou uma tal “vontade de voar”, que seria embarcar na história sem se questionar. Pena que seu avião – ao contrário do jatinho de Lívia Marine (Cláudia Raia), o tempo todo partindo do Rio para Istambul – não decolou.
Fonte: Veja.com
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