“Vitória da
Delta. Infelizmente, a CPI acabou e quem perdeu foi o cidadão de bem. O
relatório aprovado pelos senadores, e que eu votei contra, não faz qualquer
menção à Delta. Agora, a confiança está no Ministério Público que dará
prosseguimento às investigações e deverá fazer o que esta Comissão não fez”,
afirmou o senador Pedro Taques, após a aprovação do voto em separado, nesta
terça-feira (18.12), do deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF), que fica sendo o
documento oficial produzido pela CPI Cachoeira.
Depois de quase oito meses de trabalho, a CPI encerra suas
atividades sem apontar responsáveis pelo envolvimento no esquema de corrupção
comandado por Carlinhos Cachoeira. O relatório final do deputado Odair Cunha
foi derrotado por 18 votos a 16. Sendo assim, no lugar do texto de Odair, o
documento oficial da CPI será as duas páginas apresentadas por Luiz Pitiman,
aprovadas por 21 votos a 7.
O texto de Pitiman não propõe a responsabilização de nenhum
dos investigados que têm ou tiveram relação com Cachoeira, suspeito de comandar
uma quadrilha ligada à exploração de jogos ilegais, envolvendo autoridades e
agentes públicos. “O texto aprovado é um nada jurídico. O que fica é o cheiro
da pizza misturado com o cheiro podre da corrupção”, enfatizou Pedro Taques.
O senador de Mato Grosso, inicialmente contra o voto do
relator, foi favorável à ultima versão do relatório em virtude da inclusão do
pedido de investigação contra o ex-dono da Delta, Fernando Cavendish, e pessoas
jurídicas ligadas à empresa. A Delta era uma das principais construtoras das
obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e, para isso, teria
recebido bilhões em recursos públicos.
Para o parlamentar, a comissão não avançou na busca por novos
elementos que comprovassem os métodos utilizados pela Delta para influenciar na
liberação de recursos públicos de forma indevida e nos vínculos dessa prática
com a organização criminosa de Carlinhos Cachoeira. Segundo ele, o relatório do
deputado Odair Cunha “não era o ideal”, porém, “não deixava todos os investigados
impunes”.
Representação – Temendo a falta de responsabilização dos
investigados na CPI Cachoeira, o senador Pedro Taques foi um dos autores de
representação encaminhada, no dia 22 de novembro, à Procuradoria-Geral da
República pedindo continuidade na apuração das irregularidades.
O senador argumenta que faltou de prazo para a Comissão
realizar novos depoimentos e cruzamento de dados de quebra de sigilos, já que
haveria "pressa" para a apresentação do relatório final. Outra
cobrança do parlamentar diz respeito à falta de análise e apreciação de cerca
de 500 requerimentos, sendo 20 de sua autoria.
"Como o Congresso Nacional se omitiu da sua obrigação
constitucional, o Ministério Público poderá aprofundar a análise dos crimes
cometidos não só no âmbito do Centro-oeste, mas em todo o Brasil", sugere
Pedro Taques.
Para facilitar os trabalhos das autoridades, Pedro Taques
também votou pelo compartilhamento de todo o material em posse da CPI com o
Ministério Público e com a Polícia Federal.
Fonte: O Documento.com