Na tarde da quinta-feira 22, cerca de duas mil
pessoas estiveram no Supremo Tribunal Federal para assistir à posse do ministro
Joaquim Barbosa na presidência da corte. Não ocorria ali apenas uma troca de
comando. A solenidade era a representação de um avanço da sociedade brasileira,
com a ascensão do primeiro negro ao mais importante posto do Judiciário. Mas as
cerimônias também estavam carregadas de uma forte expectativa institucional: a
de que soprem novos ares sobre a Justiça do País. Ou uma verdadeira ventania, a
julgar pela determinação, o estilo corrosivo, o ar desafiador e o rigor com que
Barbosa tem atuado no julgamento do mensalão.
Pelos planos de Barbosa, o primeiro – e talvez mais
explosivo – capítulo dessa transformação ocorrerá com o Congresso Nacional. A
presença pífia de políticos na cerimônia de posse serviu de termômetro para os
embates que estão por vir. Já nos próximos dias, o novo presidente do STF
pretende conduzir uma votação para retirar do Parlamento a prerrogativa de
cassar seus integrantes mesmo depois das decisões definitivas do STF. Outro
embate de Joaquim Barbosa será travado com a Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB). A amigos, Barbosa afirmou que uma de suas primeiras medidas à frente do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) será enfrentar a advocacia de filhos e
cônjuges de magistrados de tribunais superiores. Na condição de presidente do
colegiado, o ministro vai tentar convencer os 15 conselheiros a proibir essas
práticas. Entre os atingidos pelas mudanças na regra estão filhos do atual
corregedor do CNJ, ministro Francisco Falcão. A OAB, no entanto, deve reagir.
Fonte: Sobral de Prima