Fernando Haddad
(PT) cresceu nas pesquisas ao longo da campanha e chegou a vitória na disputa
pela prefeitura de São Paulo após a votação deste domingo.
De 3% nas pesquisas até a
vitória. A escalada de Fernando Haddad até
a prefeitura de São Paulo,
confirmada vitoriosa no início da noite deste domingo, soava improvável em
maio. Mas, a partir da investida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
nas alianças e no horário eleitoral gratuito, Haddad iniciou uma ascensão capaz
de vencer até a tradicional força do PSDB e de José Serra, ex-prefeito e ex-governador. A terceira vez na
história que o PT administrará
a capital após Luiza Erundina e Marta Suplicy.
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Talvez Lula
seja o tópico mais decisivo, mas ao menos oficialmente Haddad aponta outro
fator fundamental para a vitória: plano
de governo. Para ele, ter as ideias mais bem amarradas do processo eleitoral
foi o ponto decisivo para conquistar a preferência do paulistano. Mas há outros
segredos que ajudaram o petista a superar a descrença geral que tinha em torno
de si há cinco meses. Veja quais são os 10 pontos mais importantes:
Plano de governo - Foi o primeiro candidato a estipular
metas e apresentar planos, com orçamento e origem dos recursos, ainda na
primeira quinzena de agosto. Haddad se agarrou insistentemente às ideias em
busca do reconhecimento eleitoral. Entre as principais promessas, a criação do
Bilhete Único Mensal, a rede de saúde Hora Certa e o programa Arco do Futuro.
Boa parte de seus projetos busca descentralizar o emprego concentrado no centro
de São Paulo e levar progresso aos bairros. Um discurso que teve boa aceitação
nos maiores colégios eleitorais da capital.
O contragolpe a Russomanno - Foi o plano de governo bem
arquitetado que permitiu a Haddad recuperar uma parte significativa dos votos
que, parecia, ia perdendo para Russomanno na periferia de São Paulo. O petista
insistiu contra o plano do candidato do PRB para o
transporte público e questionou a validez da cobrança de tarifa proporcional. O
ataque bem planejado, ideia do próprio Haddad, coincidiu com a chegada à
vice-liderança no primeiro turno.
Luiz Inácio Lula da Silva - Sua candidatura foi um projeto
pessoal do ex-presidente Lula. Mesmo com a saúde frágil, ele não se negou a
contribuir com a campanha de Haddad desde as prévias do PT. Na sequência, Lula
participou de boa parte dos programas eleitorais gratuitos que fizeram os
números do pupilo decolar nas pesquisas. Além disso, conquistou o apoio de
alguns dos partidos que
integram a base aliada em nível federal.
Alianças - Foi o próprio Lula quem tomou a
dianteira para trazer outras legendas para dar o apoio e o tempo de propaganda
necessários para Haddad se apresentar. O ex-presidente ligou diretamente para
Netinho de Paula, pré-candidato do PCdoB e demovido
da ideia de ter chapa própria. Também aglutinou o PSB, em uma negociação arrastada, e ainda o polêmico PP, do deputado federal Paulo Maluf (PP). Com Maluf, tirou até fotografia
e, por isso, ouviu muitas críticas, mas o efeito eleitoral do pepista foi quase
nulo. O tempo de TV ganho com a aliança, valioso.
Chalita - Aliado do PT em Brasília, o PMDB foi o único
agente importante no segundo turno além
de tucanos e petistas. Com a neutralidade de Russomanno, terceiro colocado do
primeiro turno, Chalita, o quarto candidato mais votado na cidade, declarou
apoio a Haddad e se engajou na campanha. Apareceu na televisão, fez ataques a
Serra e se mostrou confortável junto do PT.
Imunidade - O petista teve questões embaraçosas
a lidar durante os meses da campanha, mas quase sempre permaneceu fiel às
ideias e ao plano de governo. Soube minimizar temas como o julgamento do
mensalão e a aliança com Maluf e não entrou em polêmicas com religião ou o kit
anti-homofobia. Também foi alvo de reportagens espinhosas e ataques, como a
investigação da Polícia Federal e do Tribunal de Contas da União (TCU) no
ministério da Educação, mas novamente sua campanha teve imunidade nas intenções
de voto.
Família presente - Ao contrário de todos os outros candidatos,
Haddad teve a família diretamente presente nos mais variados momentos da
campanha. Acrescentar esse ingrediente à disputa foi ideia do marqueteiro João
Santana, mas que a mulher Ana Estela e o filho
mais velho, Frederico, cumpriram com naturalidade. Ambos chegaram a participar
de agendas próprias e foram a eventos mesmo sem a presença do candidato. Estela
ainda contribuiu na montagem do plano de governo para a saúde.
Rejeição de Serra - Ainda no início da campanha, quando
sequer tinha dois dígitos nas pesquisas, Haddad dizia a pessoas mais próximas
que a chance de José Serra vencer a eleição em São Paulo era bastante pequena. O
raciocínio se amparava na rejeição a Serra, que perdeu para o PT no plano
presidencial em 2002 e 2010, e em quem cerca de metade do eleitorado se
recusava a votar. O paulistano se mostrou indisposto a permitir o retorno do
tucano à prefeitura da qual ele partiu em 2005.
Rejeição de Kassab - Se já não bastasse a rejeição a
Serra, o atual prefeito Gilberto Kassab (PSD) também obteve números recordes no comparativo com as
avaliações em demais capitais brasileiras. Pesquisas mostraram que quatro a
cada cinco paulistanos desaprovaram a gestão Kassab, permitida depois que o
tucano deixou a prefeitura para concorrer ao governo do Estado, em 2005, mas
também endossada nas urnas em 2008. Uma estratégia insistente de Haddad foi
ligar Serra a Kassab.
Dilma e o apoio federal - Enquanto Serra tinha aliados em
desgaste, Haddad ainda contou com o apoio da presidente Dilma Rousseff (PT) em
comícios, entrevistas e propagandas. A aliança em Brasília ajudou o petista a
compor pontos importantes de seu plano de governo, como o reforço do Minha Casa
Minha Vida para tentar cumprir a meta de gerar 55 mil novas moradias em São
Paulo.
DASSLER MARQUES
Direto de
São Paulo
Fonte:
Terra Online.