Londres. Se a propaganda é a alma do negócio, está na hora de Fortaleza se mexer para garantir seu lugar de coadjuvante nas Olimpíadas do Rio em 2016. É o que aponta o diretor de esportes do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio 2016, Agberto Guimarães. O gestor afirma que a cidade, assim como qualquer outra que queira ser local de treinamento pré-jogos, deve se antecipar e partir para o ataque junto aos comitês olímpicos nacionais.
No início do mês de agosto, em Londres, foi apresentado, para os gestores de vários desses comitês, um guia trazendo mais de 170 instalações esportivas que estão localizadas em cerca de 70 cidades pelo País.
Entre essas, Fortaleza aparecia com três instituições: o Castelão (futebol), o Instituto de Educação Física e Esportes (IEFES)/ UFC, que funcionará no Campus do Pici (natação, futebol, rúgbi e tênis) e o Parque Esportivo da Universidade de Fortaleza (Unifor), com treinos do atletismo, basquete, tênis e vôlei. Guimarães esteve em uma solenidade oferecida à imprensa na última terça-feira, na capital inglesa.
Dele, a reportagem ouviu que o trabalho do Comitê Rio 2016 nessa ação de atrair as atenções para cada cidade terminou ali. "Nós falamos claramente, em seminário de orientação que oferecemos para as cidades interessadas no programa, que, encerrada a nossa parte, eles, como interessados, teriam que começar a prospectar. Ninguém vai chegar lá e bater na sua porta", assevera o gestor.
E o diretor de esportes do Comitê dos Jogos de 2016 vai além: "em alguns casos, dependendo das instalações que houver disponíveis (na cidade), você já vai direto às federações nacionais desse ou daquele esporte em um país que seja interessante atrair", diz.
Assim, um interessado que queira trazer essa fase pré-Olimpíada e tenha disponível uma instalação específica poderia procurar federações ao redor do mundo. "O próprio Grand Prix da Unifor, que acontece todos os anos, pode ser uma boa oportunidade para começar a ir atrás dos atletas e dos representantes deles", explica.
Vantagem
Para ele, a capital cearense larga na frente em muitos aspectos para conseguir ser sede de aclimatação dos Jogos cariocas.
"Fortaleza tem voos vindo da Europa, clima parecido com o do Rio e oferece coisas muito boas. Ou seja, são as instalações aliadas a um local aprazível, porque os atletas, em muitas situações, levam a família par acompanhá-los. E também para quem não está treinando, Fortaleza tem muita coisa legal para fazer", elogia o gestor.
Estado também quer sediar competições olímpicas
A cidade de Fortaleza não deve ficar de fora dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. É o que garante o secretário de Esporte do Estado, Gony Arruda.
O secretário afirma que o Estado já estuda maneiras de trazer delegações para treinar na cidade e que, inclusive, já recebeu uma visita de uma comitiva inglesa de atletismo que espera treinar aqui em 2016.
"Pouco antes das Olimpíadas de Londres, a Confederação Inglesa de Atletismo nos visitou e inspecionou a pista de Atletismo da Unifor e hotéis da cidade. Eles buscavam locais em que a delegação, antes de ir competir no Rio, pudesse se aclimatar na cidade de Fortaleza", revela o Gony Arruda.
"O Centro Olímpico também já será feito para isso, além de ser uma necessidade real para a população cearense", completa.
O Centro Olímpico será construído ao lado do Estádio Castelão e possuirá, de acordo com o secretário, ginásio poliesportivo, além de campo de futebol, quadra de vôlei de praia e arenas para lutas e ginástica.
Jogos aqui
O secretário vai mais longe. Para ele, a cidade de Fortaleza pode chegar até a sediar algumas competições da Olimpíada.
"O governador do Estado do Ceará foi o primeiro a ir ao presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, para colocar o Estado do Ceará à disposição para fazermos parte da Olimpíada de 2016", garante o secretário.
"Podemos ajudar como sede no esporte de vela, vôlei de praia, triatlo e até no futebol olímpico", diz.
Apesar de Belo Horizonte, Brasília, Salvador e São Paulo já terem sido escolhidas como sede dos torneios feminino e masculino de futebol, além do Rio, em 2016, o secretário acredita que o COB deveria atentar para o Castelão. "Se houver algum tipo de problema, estaremos prontos. Houve uma frustração em Londres com o público no futebol olímpico e o Ceará tem credenciais espetaculares. O nosso povo cearense é o que mais frequenta estádios no Brasil", explica.
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170 instalações brasileiras foram apresentadas para vários gestores de comitês mundiais em Londres, visando aos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016
SAIBA MAIS
Crystal Palace
O Comitê Olímpico Brasileiro definiu o Centro Esportivo Crystal Palace, localizado no sul de Londres, como base exclusiva de treinamento do Time Brasil antes e durante os Jogos Olímpicos de 2012. O local foi escolhido após a visita feita pelos membros do COB no início de 2011.
Em Crystal Palace, o COB teve a seu dispor pistas de atletismo, piscinas, ginásios, campos, quadras e salas de musculação que serviram para a concentração das equipes antes de irem para a Vila Olímpica. O local serviu também como casa para os funcionários da delegação que não estavam credenciados para a Vila
Ideia Importada
O superintendente do COB, Marcos Vinicius Freire, explicou à imprensa brasileira que a ideia de ter uma casa brasileira durante os Jogos surgiu depois de uma conversa com o Comitê dos Estados Unidos, que utilizou instalações apenas para si nas Olimpíadas de Atenas, em 2004, e Pequim, há quatro anos
PERY NEGREIROSEDITOR*
*O jornalista viajou à convite do CPB