Pertencente a Taperuaba, distrito de Sobral, a localidade conta com mais de 60 famílias cujas casas possuem encanamento, porém não recebem água encanada há mais de 90 dias. Os meios usados para contornar a situação vão desde a ajuda de vizinhos que possuem cacimbões até a compra de água. Alguns aposentados e donas de casa chegam a pagar os vizinhos para que eles peguem água em um lago próximo e levem até suas casas.
Para a autônoma Janderlina Mesquita, esse é um gasto que tem afetado a economia da família. "A água que vem do cacimbão não dá pra beber, a gente usa mais para cozinhar e tomar banho. Já a que vem do lago, usamos para lavar as louças e roupas, mas sempre racionando. Para beber, temos que comprar garrafões. E a conta de água continua vindo, mesmo sem ter água, pagamos uma taxa fixa mensal de R$ 10,56".
Na última leitura de água realizada pelo Saae, os funcionários foram impedidos pelos moradores de realizar o trabalho. De acordo com a dona de casa Benedita Barbalho, não há sentido em fazer uma leitura quando não a água não foi usada. "Nós não nos negamos a pagar pela água fornecida, nem as taxas de manutenção, mas foram dois meses seguidos pagando taxas e taxas e nenhuma água. Nossa atitude foi pensada em comunidade e queremos apenas chamar atenção dos responsáveis para que eles tomem as providências necessárias. Pagaremos sim, quando a água chegar à torneira de todas as casas", afirma ela. O aposentado Antônio Rogério comprou garrafões e diariamente vai até o lago para enchê-los. "Na minha última ida a Fortaleza, tive que comprar esses garrafões para poder trazer mais água para casa. Têm dias que encho a caixa d´água de 1000 litros só indo e vindo. O lago não é tão perto daqui e isso prejudica minha saúde, pois o peso é muito". O aposentado teme ainda pelo nível em que o lago se encontra. "Se a situação continuar assim, não sei até quando vai aguentar, pois é muita gente tirando água dali todo dia. A estimativa local é de que, em menos de dois meses, a água coletada lá esteja completamente imprópria pra usar. Se acabar o problema vai continuar, como é que vamos sobreviver?", pergunta.
De acordo com os moradores, no início do ano, o Saae alegava que uma peça havia quebrado e por isso faltou água por mais de um mês. Depois de solucionado o problema, o abastecimento ficou durante uma semana regular e depois começou a faltar de novo. Janderlina diz que esse foi um processo gradual. "Primeiro veio água a semana inteira, depois começou a faltar semana sim semana não. Por último, faltou e não veio mais".
O diretor-presidente do Saae, Luis Fernando Coelho Viana, explica que esse problema já foi técnico e agora é apenas um desencontro de gestão. "O Saae é responsável pelo abastecimento de Macarangibe. Para chegar lá, a água tem que passar por Taperuaba, onde a Cagece administra. Quando chega lá, a água de Macarangibe não é encaminhada para a localidade. Atualmente estamos conversando com a Cagece e esperamos resolver o problema até o fim da semana". O diretor diz ainda que o problema não é falta do produto. "Água tem para abastecer toda a localidade em abundância. A questão agora é conversar".
Mais informações:
Serviço Autônomo de Água de Sobral (Saae)
Rua Dr. João Monte, 517, Centro
Telefone: (88) 3611.4771
JÉSSYCA MARQUESCOLABORADORA












