"A
diluição torna o cenário confuso, sem lideranças claras. É difícil apontar hoje
pelo menos dois líderes em atuação no Parlamento.”
‘‘CPI a gente sabe como começa, mas nunca sabe como termina.”
A frase é atribuída ao sábio político brasileiro, Ulysses Guimarães
(1916-1992). É uma oração perfeita para os dias de hoje.
Tudo o que ocorre hoje no Brasil é a trágica consequência daquilo que o País deixou de fazer desde o fim da ditadura militar. No vácuo, as instituições ficaram entranhadas em um mar de lama e de interesses só confessáveis nos grampos clandestinos ou legais.
Tudo o que ocorre hoje no Brasil é a trágica consequência daquilo que o País deixou de fazer desde o fim da ditadura militar. No vácuo, as instituições ficaram entranhadas em um mar de lama e de interesses só confessáveis nos grampos clandestinos ou legais.
O sistema partidário brasileiro, com mais de 20 agremiações representadas no Congresso, forma o caldo que fragiliza a nossa democracia. A diluição torna o cenário confuso, sem lideranças claras e facilmente identificáveis. É difícil apontar hoje pelo menos dois líderes nacionais em atuação no Parlamento.
Não fizemos a reforma política para acabar com tal situação. Jogamos no lixo as cláusulas de desempenho dos partidos nas eleições, que nada mais é que uma forma de garantir a representatividade partidária estabelecendo uma lista de cinco ou seis siglas de referência na política nacional.
Mantemos incólume um sistema de financiamento das campanhas eleitorais que joga os políticos no colo do poder econômico. Quem domina é o caixa dois. As prestações de contas das campanhas são contos da carochinha. O resultado é uma grande promiscuidade entre políticos, gestores e empresas.
Uma promiscuidade que, após as eleições, se estende às administrações cujo líder teve sua vitória financiada por um sistema suspeito e sem transparência.Desse enredo, surgem os “cachoeiras” e as enxurradas de escândalos que assolam o Brasil.
Creiam: não há uma só licitação de peso neste País que não seja de cartas marcadas. Isso ocorre nem que o chefe de executivo não queira. Nos bastidores do mercado, os que deveriam concorrer tratam de resolver a questão.
Atentem: pela primeira vez em nossa História, temos uma CPI assinada por governistas e oposicionistas. Não, não é pelo bem do Brasil. Não se trata de um pacto virtuoso entre dois lados opostos. Na verdade, um lado assinou na perspectiva de destruir o outro.
Ninguém em sã consciência sabe onde a história dessa CPI vai terminar. Pode ser o fundo do poço de um sistema carcomido, viciado e incapaz de dar as respostas que o País tanto precisa. O problema é se há meios de sair da escuridão.
Será que pode sair um País melhor depois disso? Duvido. Para mudar, o Congresso é fundamental. E aí, reside um problema. A representação é medíocre. Não há referências capazes de liderar mudanças de verdade. O sistema partidário também trabalha contra. O círculo é vicioso.
O Brasil está cansado. Estamos todos cansados. Teimamos em não entrar na modernidade. Teimamos em permanecer enraizados no atraso da cultura patrimonialista. Precisamos desprivatizar o Estado. Não no sentido que parte de nossa esquerda defende. Que fique bem entendido.