Se existe um oásis na pandemia do novo coronavírus na América
do Sul ele fica no Uruguai. Sem ter imposto uma quarentena obrigatória, o
governo do presidente Luis Lacalle Pou conseguiu estabilizar o número de casos
em 738 e 20 mortos, tornando-se modelo no continente.
É o único país da região que figura entre os 42 no mundo que
vêm conseguindo vencer a doença, segundo o portal Endcoronavirus.org, um
ranking realizado pelo New England Complex Systems Institute. Sustentado por
uma coalizão de cinco partidos que vão do centro à direita radical, Lacalle Pou
assumiu o governo no início de março, apenas 13 dias antes da chegada do novo
coronavírus ao país.
Ao
encerrar um período de 15 anos de governos da Frente Ampla, o presidente se viu
diante do desafio da pandemia e, para não transformá-lo em pesadelo, optou por
uma estratégia diferente dos demais vizinhos. Declarou emergência sanitária no
país, mas evitou tratar o confinamento como obrigatório.
Em
vez disso, apelou à responsabilidade dos uruguaios lançando a “Operação Todos
em Casa”. Traduza-se por isso a recomendação para que cada cidadão limitasse
suas saídas e respeitasse o distanciamento social.
O
governo suspendeu as aulas, fechou fronteiras e proibiu eventos de massa, mas
não reprimiu quem precisasse trabalhar fora de casa. “Não está desaconselhado
sair, desde que a pessoa mantenha distância de outras e use máscaras”, orientou
o presidente. Lacalle Pou tentou se equilibrar entre saúde e economia, sem
perder de vista a herança de um déficit fiscal em torno de 6% do PIB e o
crescimento da dívida pública.
Para
aplacar os efeitos da pandemia, lançou um programa de estímulo à iniciativa
privada e criou um seguro destinado a quem perdeu o emprego ou teve redução de
salário. Concedeu subsídios, durante dois meses, equivalentes a 160 dólares aos
que estão no mercado informal. Em contrapartida, o governo reduziu, pelo mesmo
período, os salários de funcionários públicos e aposentadorias.
Entoado
pela OMS, o mantra “testar, testar e testar”, para rastrear o vírus, funciona
no Uruguai: de acordo com o modelo Worldometer, que monitora a doença no mundo,
foram realizados 10.261 exames para cada milhão de habitantes, praticamente o
triplo em relação ao Brasil, onde a marca é de 3.462 testes por milhão.
Isso
deu segurança na retomada, ainda que gradual, das atividades. Na semana passada,
as repartições públicas voltaram a funcionar, assim como parte do comércio. As
escolas reabrirão nos próximos dias, e os uruguaios já têm autorização para a
prática de oito esportes ao ar livre.
G1