"Eu
já acordo pedindo a Deus que isso tudo acabe logo". A prece para o fim da
pandemia de Covid-19 é feita diariamente pela agente de saúde de Fortaleza
Marta Costa, 40 anos. O desejo se repete entre trabalhadores de outras
categorias consideradas essenciais, que não pararam as atividades durante o
isolamento social decretado pelo governo do Ceará, no dia 20 de março. Até
quinta-feira (30), o estado contabilizava 492 óbitos pela doença e 7,8 mil casos.
Como
atua na prevenção e promoção da saúde em comunidades, o que a obriga a ter
contatos mais próximos com pessoas, Marta convive com o receio de ser infectada
pelo novo coronavírus. "O sentimento que eu tenho é de muito medo, porque
eu sou casada e tenho dois filhos pequenos. Medo de contrair o vírus e de
trazer para dentro da minha casa", assume.
Apesar
do temor, é no próprio trabalho que ela encontra forçar para lidar com as
tarefas, como as visitas domiciliares que faz no entorno do Bairro Barra do
Ceará, na capital cearense. "Sei que tem gente precisando de mim e vou,
tomando as medidas que a Organização Mundial da Saúde indica, que é o uso de
máscara e de álcool em gel 70%”.
Apreensão
Até
para quem tem 20 anos de experiência profissional, a possibilidade de ficar
doente também gera temor. Jânio Feitosa é motorista do Serviço de Atendimento
Móvel de Urgência (Samu) na capital e na Região Metropolitana, dedicando-se a
plantões de 24 horas.
“Eu
saio de casa com aquela ideia de fazer um serviço bem feito, mas com a
preocupação de me contaminar, que é o meu maior medo, porque faço parte da
linha de frente e vejo de perto o poder de transmissão que ela (Covid-19) tem.
Todo dia, é como se a equipe fosse o soldado que vai atrás do inimigo, que é a
doença”, reflete.
Segundo
ele, os chamados de emergência na central do Samu aumentaram desde que a
pandemia chegou ao Ceará. Os contatos são feitos por familiares de pacientes
com sintomas da Covid-19. Por esse motivo, Jânio redobrou o cuidado na
higienização das mãos, uso de álcool em gel e dos Equipamentos de Proteção
Individual (EPIs).
Contudo,
o motorista alerta que os hábitos de prevenção devem se estender ainda a toda
população, para que haja diminuição da curva de contágio da doença. “Todos
precisam colaborar. Tenho fé em Deus que a gente vai superar tudo isso, porque
tudo em que Ele está à frente, dá certo", acredita.
G1 CEARÁ