sábado, 10 de novembro de 2018

Vulnerabilidade das fronteiras facilita entrada de armas e drogas no Ceará

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O estado não produz drogas e não possui indústria bélica. Todo esse arsenal e drogas vêm de longe. A ação de organizações criminosas ultrapassa as divisas estaduais
Mais de 12 mil armas de fogo, cerca de 9 toneladas de maconha e quase 1.000 kg de cocaína e crack. O balanço de apreensões da polícia entre 2017 e 2018 evidencia a atuação do crime organizado no Ceará.


O estado não produz drogas e não possui indústria bélica. Todo esse arsenal e drogas vêm de longe. A ação de organizações criminosas ultrapassa as divisas estaduais.


O Ceará faz fronteira com quatro estados. Nessas regiões de limite territorial, atua o Batalhão de Divisas desde 2015. Já nas áreas não-urbanas do interior, a responsabilidade de fiscalização é do Comando Tático Rural.


Mesmo assim, especialistas apontam que as estradas servem de entrada de armas e drogas no estado, apesar de não ser a única forma de acesso para a distribuição desses materiais. Em Aracati, perto da divisa com o Rio Grande do Norte, caminhoneiros dizem que há falta de fiscalização de transporte de carga nas estradas que ligam os estados do Nordeste.


No interior o Ceará, há 12 aeroportos registrados pela Agência Nacional de Aviação Civil. Um mapa do Governo Estadual indica a existência de outros 27 campos de pouso.


Foi também pelo aeroporto de Aracati que, em setembro do ano de 2017, chegaram Gegê do Mangue e Paca, dois líderes da cúpula nacional do PCC.


Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, estariam morando na Bolívia e vieram para o Ceará em voo particular. No início deste ano, foram levados de helicóptero a uma reserva indígena e acabaram mortos a tiros. As investigações apontam que o crime foi ordenado pelo principal líder do PCC fora do sistema prisional, Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho.


A TV Jangadeiro/SBT apurou que Fuminho teria um documento de identidade com nome falso indicando o município de Acopiara, no Ceará, como local de nascimento. Ele é foragido do Brasil há duas décadas, estaria radicado na Bolívia e é procurado pela Interpol.


Em Acopiara, a polícia apreendeu em 2012 mais de 150 kg de cocaína que haviam chegado do Mato Grosso de avião. O piloto acabou preso quando fazia uma parada do voo de retorno. Felipe Ramos Morais foi capturado em Picos, no Piauí e, este ano, voltou a ser preso no Ceará.


Ele pilotava o helicóptero usado nas mortes de Gegê do Mangue e Paca. Além do avião apreendido no Piauí, pelo menos outras três aeronaves que traziam entorpecentes para pequenos aeroportos do interior foram flagrados desde então.
De acordo com o Walmir Medeiros, oficial da reserva do Exército, as drogas e as armas são trazidas de São Paulo, Rio de Janeiro e, principalmente, de Mato Grosso e Amazonas. O material clandestino também vem por via marítima.


Armas, narcotráfico, confrontos entre organizações criminosas. O cenário de violência hoje em Fortaleza tem características semelhantes com uma cidade colombiana de nos anos 90: Medellín, a apontada como uma das mais violentas do mundo. Cerca de 400 homicídios por 100 mil habitantes.


Medellín conseguiu reduzir a violência e, hoje, é referência mundial de desenvolvimento urbano. Aníbal Gaviria, ex-prefeito de Medellín, acredita que algumas medidas adotadas ao longo das duas últimas décadas poderiam ser aplicadas em Fortaleza.


Quase 19 adolescentes são mortos por semana no Ceará. O número relativo ao ano passado aumentou 50% comparado a 2016. Considerando os 5.134 homicídios do ano passado, é possível afirmar que a cada cinco vítimas uma era adolescente.


Tribuna do Ceará
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