Desde
o início do isolamento social, publicado em decreto pelo Governo a partir de 20
de março, muitos reclamaram das medidas, que obrigaram setores inteiros da
indústria, comércio e serviços a fechar as portas na pandemia. Mas, depois de
quase 60 dias, há empresários que buscam alternativas e ainda
defendem o lockdown em Fortaleza, após súbita alta nos casos em abril.
É
o caso do proprietário da Cervejaria Turatti, Lissandro Turatti, que destaca a
situação como complexa, mas entende que o isolamento é
"necessário", mesmo que para os empresários seja difícil
pelo quadro em que ficam os negócios. Ele diz que a queda de faturamento chegou
aos 70% desde o início do isolamento, mas a empresa tem buscado alternativas no delivery.
"Agora
estamos trabalhando no lançamento de produtos novos, entendendo também o
mercado, pois o crescimento do delivery se fez em meses, o que seria feito em
anos. Realmente existe uma forte demanda, mas a adaptação tem
sido satisfatória, com crescimento legal, até acima do previsto,
com política de preços bastante agressiva", afirma.
Turatti
ainda revela que o foco em redes sociais foi ampliado e,
com a adição de novos produtos, realizou treinamentos com os funcionários,
investimento em novos equipamentos e equipes de entrega. O quadro de
funcionários na operação, porém, diminuiu em 60%. Um sexto destes, que estava
em contrato de experiência, foi dispensado. Houve adesão ao
programa de suspensão do contrato de trabalho por 60 dias.
De
acordo com Tiago Diógenes, diretor do Grupo Menu Brands, que possui nove marcas
voltadas para a entrega de alimentos prontos, como o Delivery Menu, o
pensamento principal das empresas que compõem o grupo é de não se precipitar na
volta.
Tiago
ainda diz que está claro que quanto mais bem feito for o
isolamento, "mais rápido e com menos vidas perdidas sairemos deste momento
tão difícil". Ele explica que passou a adotar um padrão
superior na higiene e segurança alimentar, ampliando o cuidado com clientes,
colaboradores e entregadores.
Também
convivendo com a administração de um negócio em meio à pandemia, mas em setor
considerado não essencial, o proprietário da loja de móveis Casa Decor, David
Pontes, diz que a opinião a favor do isolamento é a mesma desde o início, tanto
que passou a adotar o home office e o e-commerce.
O
projeto da venda de produtos na internet era inicial em 2019 e teve de ser
apressado neste início de 2020. Mesmo assim, acumula 60% de
redução no faturamento, mas não chegou a demitir funcionários.
Ainda diz que a experiência com a venda online tem agradado.
O
que o empresário cobra é mais informação sobre o lockdown. "Não
existe muita clareza em meio ao pânico. Mas é preciso uma explicação melhor,
pois muitos tratam a medida como ruim e prejudicial. No entanto, o lockdown é
mais do que necessário".
Hoje,
o que o
Governo do Estado elabora é um plano de volta das atividades econômicas, mas
apenas se houver êxito na saúde. A ideia é dividir a retomada em grupos
prioritários, com quatro fases para sua aplicação, com um intervalo de 14 dias
entre as etapas.
O POVO