O
governador Camilo Santana (PT) e o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio
(PDT), anunciaram ontem um pacote de medidas contra a Covid-19 que permite a
circulação de pessoas apenas para finalidades "imprescindíveis", veta
o fluxo de veículos na cidade, exceto para deslocamentos "devidamente
justificados", e fixa barreiras de controle nas divisas da Capital.
Mais
duro do que os anteriores, o novo protocolo sanitário de enfrentamento à
pandemia tem validade até o dia 20/5, juntamente com o decreto estadual
publicado em 19/3 que instituiu o isolamento social no Ceará e suspendeu
atividades comerciais. É a quarta vez que o Governo prorroga a medida, agora
com tópicos mais rígidos.
Apenas
no Estado, o novo coronavírus já infectou mais de 11 mil pessoas e matou 795. A
previsão é de que a rede pública de leitos de UTI atinja a capacidade máxima
até a semana que vem. Desde o início da crise, o Governo abriu quase 500
unidades especiais para pacientes com a enfermidade.
Entre
as mudanças desse conjunto de ações elaboradas por Estado e Município, está o
confinamento compulsório de infectados ou suspeitos e o uso obrigatório de
máscaras de proteção em todo o território cearense a partir de hoje. As demais
providências, restritas a Fortaleza, têm validade de sexta-feira, 8, até o dia
20/5.
Uma
delas é a fixação de esquemas de segurança nas divisas de Fortaleza, hoje o
maior foco da doença em todo o Ceará, concentrando 8.509 casos de Covid-19 e
608 óbitos. A intenção é liberar apenas serviços essenciais nesse trânsito
intermunicipal.
Outra
determinação incluída nessa leva de precauções é a que proíbe a formação de
aglomerações em logradouros públicos. Segundo texto do decreto, "fica
vedada a circulação de pessoas em locais ou espaços públicos, tais como praias,
praças, calçadões, salvo quando em deslocamentos imprescindíveis para acessar
as atividades essenciais".
O
documento estabelece ainda "controle de veículos particulares em vias
públicas, salvo deslocamentos devidamente justificados, bem como veículos de
serviços essenciais em funcionamento e deslocamento relacionados às atividades
de segurança e saúde, transporte de cargas, serviços de transporte por táxi,
mototáxi ou veículos disponibilizados por aplicativo".
Durante
o pronunciamento ontem, o chefe do Executivo estadual admitiu que, "mesmo
com todo os esforços, nosso sistema de saúde tem chegado ao limite" e que
há "uma necessidade, recomendada pelos especialistas, de tomarmos medidas
mais rígidas neste momento".
As
ações apresentadas por Governo e Prefeitura equivalem às adotadas pelo estado
do Maranhão, onde foi decretado o "lockdown", modelo no qual também
há controle rígido dos limites, restrição de circulação e redução dos serviços
ao mínimo essencial.
Nessa
terça, no entanto, Camilo e RC evitaram falar em "lockdown". Editado
no mesmo dia nos Diários Oficiais do Estado (DOE) e do Município (DOM), o
decreto utiliza a expressão "isolamento social rígido" para se
referir às respostas apresentadas ontem.
À
semelhança do Maranhão, no Ceará estabelecimentos essenciais terão de se
adequar às alterações do decreto, que impõe uso de máscaras para todos, com
possibilidade de barrar quem tente ingressar nesses espaços sem o equipamento.
O
documento editado reduz ainda a entrada nos supermercados e farmácias a apenas
um membro de cada família, com distanciamento de segurança mínimo de um metro e
meio caso haja fila de espera.
O POVO