Um
cenário muito diferente do atual precisa ser observado e comprovado no Ceará
para que as medidas de isolamento sejam flexibilizadas. Ao contrário da atual
escalada nos números de casos e óbitos e com leitos de internação beirando à
ocupação, a revisão das medidas de isolamento demanda queda sustentada de
internações e mortes em decorrência da doença por pelo menos duas semanas. Do
contrário, conforme Dr. Cabeto, titular da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa),
a volta das atividades econômicas pode ser retardada.
O
relaxamento das medidas de distanciamento social tem sido aplicado de formas
diferentes nos países que já passaram pela fase mais crítica da pandemia. No
entanto, há similaridades. A volta à relativa normalidade deve ocorrer
gradualmente e em velocidades diferentes em suas regiões, a partir da fase da
doença em cada local.
Em
entrevista à rádio O POVO/CBN na manhã de ontem, 13, o secretário explicou que
o lockdown (isolamento restrito e compulsório) pode começar a se refletir nos
dados epidemiológicos da Covid-19 "entre a primeira e a segunda
semana". "Todas as medidas têm pontos positivos e negativos. É
preciso escolher as prioridades. Na vida, é assim. A prioridade agora é salvar
as pessoas, é não deixar as pessoas abandonadas", argumentou o secretário
sobre a pressão para reabertura do comércio.
O
médico explicou que a pasta definiu os critérios mínimos que devem ser
analisados para que a população tenha segurança de iniciar a flexibilização.
"É preciso que tenhamos queda no número de óbitos sustentada por duas
semanas, que o número de internações caia significativamente por duas semanas,
estabelecemos valores absolutos para isso, e a taxa de ocupação dos leitos de
UTI. Afora essas situações, seria muito arriscado fazer flexibilização e ter o
número de óbitos por desassistência", defendeu. "A escolha é muito
clara. Quem faz isolamento social melhor e mais agressivo, volta antes para a
economia. Estamos vendo alguns exemplos de países que fizeram o contrário e
pagaram um preço muito alto e retardaram o início das atividades
econômicas", acrescentou.
É
importante "olhar o caminho percorrido pela doença" e a taxa de
reprodução do novo coronavírus — que mede quantas pessoas estão sendo
contaminadas por cada cidadão infectado pelo vírus —, destaca a epidemiologista
Lígia Kerr, professora do Programa de Pós-Graduação do Departamento de Saúde
Comunitária Universidade Federal do Ceará. "Um bairro ou município pode
ainda estar em situação crítica, pior em relação aos outros", diz. Ela
fala como deve ser a rotina mesmo quando for possível fazer a flexibilização:
"continuar usando máscara, continuar medidas de higiene, evitar
proximidade e grandes aglomerações, proteger idosos e pessoas do grupo de
risco".
O POVO