"Vocês
sabem que o povo está conosco, as Forças Armadas ao lado da lei, da ordem, da
democracia, liberdade, também estão ao nosso lado. Vamos tocar o barco, peço a
Deus que não tenhamos problema nessa semana, porque chegamos no limite, não tem
mais conversa, daqui para frente, não só exigiremos, faremos cumprir a
Constituição, ela será cumprida a qualquer preço. Amanhã nomeados novo diretor
da PF, e o Brasil segue seu rumo", afirmou o presidente.
Na
live, o presidente afirmou ainda que não irá mais admitir interferência em seu
governo. "O que nós queremos é o melhor para o nosso País, a independência
verdadeira dos três Poderes, não apenas uma letra da Constituição. Chega de
interferência, não vamos mais admitir interferência, acabou a paciência."
Quando
a transmissão foi feita, uma multidão se aglomerava em frente ao Palácio do
Planalto. Em um ato de caráter antidemocrático e contrário ao que recomendam os
órgãos de Saúde, bolsonaristas pediam a saída do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ)
da presidência da Câmara e o fechamento do Supremo Tribunal Federal.
As
palavras de Bolsonaro têm endereço certo. As declarações ocorrem dias depois de
o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, proibir a nomeação
do delegado Alexandre Ramagem para a Polícia Federal, e o ex-ministro Sergio
Moro prestar depoimento num inquérito que tramita no Supremo e no qual
Bolsonaro é investigado por supostamente tentar interferir no comando da PF
para ter acesso ilegal a inquéritos sigilosos que miram seus filhos e apoiadores.
A acusação foi feita por Moro ao se demitir do governo.
Oficiais-generais
influentes ouvidos pela reportagem avaliaram que o presidente tentou fazer uso
político do capital das Forças Armadas, o que provocou novo incômodo no setor.
Na
rampa do Palácio do Planalto, sem microfone para fazer discurso, Bolsonaro
ficou cerca de uma hora, acenando à população. No dia em que o Brasil
ultrapassou o número de mais de 100 mil pessoas contaminadas pela covid-19 e
mais de 7 mil pessoas mortas, os manifestantes tomaram conta da região central
de Brasília, formando filas quilométricas por um lado inteiro da Esplanada dos
Ministérios.
O
que, em princípio, tinha sido anunciado com uma grande carreata de apoio a
Bolsonaro, transformou-se em uma significativa manifestação de rua, com
milhares de pessoas aglomeradas em frente ao Congresso e ao Palácio do
Planalto, pedindo a queda do Legislativo e do Judiciário.
A
Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal não informou quantos
manifestantes participaram do ato. A multidão tomou boa parte do gramado
central do Congresso e a frente do Palácio do Planalto.
Bolsonaro
desceu a rampa por volta de 13h e foi cumprimentar os presentes na beira do
alambrado que cerca o local. Mais uma vez em desrespeito às medidas de
prevenção contra a covid-19, o presidente voltou a se aproximar dos populares e
incentivou a aglomeração onde a maioria nem sequer utilizava máscaras de
proteção.
O POVO