“O
meu entendimento, ouvindo médicos, é que ela deve ser usada desde o início por
parte daqueles que integram o grupo de risco. [Para] pessoas com comorbidades
ou de idade, já deve ser usada a hidroxicloroquina”, disse Bolsonaro ao
deixar o Palácio da Alvorada.
Para
o presidente, “pode dar certo, pode não dar certo [a cura do paciente]”, mas
enquanto não houver medicamento eficaz contra a covid-19, a cloroquina deveria
ser utilizada. “Apesar de saberem que não tem confirmação científica da sua
eficácia, mas como estamos em uma emergência, a cloroquina, que sempre foi
usada desde 1955, e agora com a azitromicina, pode ser um alento para essa
quantidade enorme de óbitos que estamos tendo no Brasil”, disse.
Originalmente
a droga é indicada para doenças como malária, lúpus e artrite, mas tem sido usada e estudada, em associação com outros
medicamentos, para o tratamento da covid-19.
No
Brasil, o Ministério da Saúde incluiu em seus protocolos a sugestão de uso da
cloroquina em pacientes hospitalizados com gravidade média e alta, mas mantendo
a norma corrente na medicina de que cabe ao médico a decisão sobre prescrever
ou não a substância ao paciente.
O
Conselho Federal de Medicina (CFM) não recomenda o uso da droga, mas autorizou
a prescrição em situações específicas, inclusive em casos
leves, a critério do médico e em decisão compartilhada com o paciente.
“Está
sendo usado largamente no Brasil, mas não na rede SUS. Na rede SUS o médico tem
uma cartilha, que é o protocolo, se ele usa algo diferente daquilo ele vai ser
responsabilizado. E lá está escrito que é apenas para caso grave”, argumentou o
presidente.
Pesquisas
Ontem
(12), em publicação no Twitter, o ministro Nelson Teich citou as recomendações
do Ministério da Saúde e do CFM e fez o alerta de que a cloroquina é um
medicamento com efeitos colaterais. “Então, qualquer prescrição deve ser feita
com base em avaliação médica. O paciente deve entender os riscos e assinar o
Termo de Consentimento antes de iniciar o uso da cloroquina”, escreveu.
Segundo
ele, o Ministério da Saúde acompanha todas as pesquisas nacionais e
internacionais sobre o tratamento do coronavírus e, além da cloroquina,
os estudos avaliam mais de 10 medicamentos. “Queremos
também nos preparar para a possível descoberta de uma vacina contra a doença.
Estamos em constante conversa com pesquisadores e laboratórios para garantir a
oferta desta proteção para os brasileiros”, ressaltou.
Hoje,
diante dessas declarações de Teich, o presidente Bolsonaro disse que todos os
ministros tem que estar “afinados” com ele. “Todos são indicações políticas
minhas. E quando converso com os ministros quero eficácia na ponta da linha.
Esse caso não é sobre eu gostar ou não do ministro Teich, é o que está
acontecendo. Estamos tendo centenas de mortes por dia. Se existe a
possibilidade de diminuir esse número com cloroquina porque não usá-la?”,
questionou.
O
presidente disse ainda que vai conversar com Teich sobre as recomendações do
ministério para o isolamento horizontal da população, ou seja, por todas as
pessoas independentemente de ser ou não do grupo de risco, como medida de
combate à pandemia de covid-19. “No meu entender, desde o começo devia ser o
vertical, cuidar das pessoas do grupo de risco e botar o povo para trabalhar”,
disse Bolsonaro.
Interferências
na PF
O
presidente falou novamente hoje sobre o vídeo que contém o registro integral da
reunião ministerial, que ocorreu no Palácio do Planalto, no dia 22 de abril,
dois dias antes do então ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro
deixar o cargo. Em declaração à imprensa, Moro afirmou que a exoneração do
então diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, pelo presidente Jair
Bolsonaro configurava interferência na corporação. O presidente nega e, para ele, "qualquer parte do
vídeo que seja pertinente ao inquérito, da minha parte, pode ser levado ao
conhecimento público".
“Eu
não falo Polícia Federal, não existe a palavra Polícia Federal em todo o vídeo,
não existe palavra superintendência, não existe a palavra investigação sobre
filho. Eu falo sobre segurança da minha família e meus amigos. Ou você acha que
não há interesse me fazer uma maldade com filho meu?”, disse Bolsonaro, hoje,
“Não falei o nome dele [do Moro] no vídeo. Não existe a palavra Sergio Moro, eu
cobrei a minha segurança pessoal no Rio de Janeiro. A PF não faz minha
segurança pessoal, quem faz é o GSI [Gabinete de Segurança Institucional]. Quem
trata de segurança? O ministro é o [general Augusto] Heleno”.
Bolsonaro
informou ainda que decidiu acabar com as reuniões ministeriais realizadas, via
de regra, a cada 15 dias para avaliar as ações desenvolvidas e discutir as
prioridades da agenda do governo federal. “Vou ter uma vez por mês, de manhã,
[com hasteamento da] Bandeira Nacional, um café de confraternização e [todos
serão] liberados. O resto [assuntos de governo] vou tratar individualmente com
cada ministro, para evitar esse tipo de problema. Independente das reuniões
quinzenais, tenho reuniões diárias, todo dia eu recebo alguns ministros”,
disse.
Quando
as reuniões ocorrem no Palácio da Alvorada, Bolsonaro também reúne os
ministros, momentos antes, para participar de para um momento cívico, de
hasteamento da Bandeira Nacional, na área externa da residência oficial.
Agência Brasil