Na
noite desta sexta-feira, 24, o Jornal Nacional (JN), da Rede Globo, divulgou
imagens de duas conversas do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio
Moro, que, segundo ele, seriam provas das tentativas de interferência política
do presidente da República Jair Bolsonaro nas operações da Polícia Federal
(PF). Os trechos das conversas entre os dois e do ex-juiz da Operação
Lava Jato com a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) foram fornecidos
ao JN pelo próprio Moro.
A
primeira imagem diz respeito a conversa entre Moro e um número de
telefone atribuído ao presidente. No trecho, Bolsonaro encaminha link de
reportagem do site O Antagonista. A reportagem menciona operação
da Polícia Federal que teria como alvo de investigações de 10 a 12 deputados da
base de apoio do chefe do Executivo federal na Câmara.
Bolsonaro
teria supostamente mencionado essa investigação como “mais um motivo para a
troca”. A declaração seria uma referência a
exoneração do então diretor geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo,
cuja saída da PF resultou no pedido
de demissão de Moro. Nas mensagem, Moro pondera que a responsabilidade
sobre a investigação é do ministro Alexandre (de Moraes), do Supremo Tribunal
Federal (STF).
Ao
pedir demissão do cargo, Moro, afirmou em coletiva de imprensa, na manhã desta
sexta-feira, 24, que a troca seria
uma intervenção política de Bolsonaro nas ações da PF. Moro
afirmou ainda que não foi informado da decisão previamente e nem assinou o
decreto, conforme foi divulgado na manhã desta sexta-feira, por Bolsonaro.
Conversa entre
Moro e Zambelli
Em
outro trecho da reportagem do JN foi apresentado uma imagem de uma suposta
conversa entre Sergio Moro e a deputada federal Carla Zambelli, filiada ao PSL
e apoiadora de Bolsonaro. Na conversa, a deputada teria solicitado a Moro
que aceitasse a substituição do diretor geral da PF em troca de uma vaga no
Supremo Tribunal Federal (STF).
Os
trechos iniciais da conversas partem da deputada e afirmam: “Por favor,
ministro, aceite o Ramage (Alexandre
Ramagem, favorito a assumir diretoria da Polícia Federal). E vá em setembro
pro STF. Eu me comprometo a ajudar. A fazer o JB (Jair Bolsonaro) prometer (a
indicação)”. Ela estaria fazendo uma pedido a Moro, para que ele concordasse na
nomeação de Alexandre Ramagem, diretor-geral da Agência Brasileira de
Inteligência (Abin) e nome próximo da família Bolsonaro, como novo coordenador
geral da PF.
Na
seqüência da conversa, de acordo com a imagem divulgada pelo JN, o ex-juiz
afirma que "não está a venda". A deputada responde que “por
Deus” sabe que Moro não está a venda, mas reforça ao apelo para que ele aceite
a decisão de Bolsonaro.
A
imagem da conversa termina com a seguinte afirmação de Moro: “Vamos aguardar.
Já há pessoas conversando lá”. Ao JN, ele teria afirmado que tal frase faz
menção a iniciativa de aliados de tentarem fazer com que Jair Bolsonaro mudasse
de idéia quanto à troca no comando da PF. Segundo o Jornal Nacional,
Zambelli decidiu não se manifestar sobre as imagens das conversas
divulgadas por Moro.
Além
de companheiros políticos e ex-aliados na base do governo Bolsonaro. Sergio
Moro é padrinho de casamento de Carla Zambelli, na união com o cearense Antônio
Aginaldo, atual comandante da Força Nacional Brasileira.
O POVO