A
trás apenas da Bahia (12.316) e de Pernambuco (9.345), o Ceará é o
terceiro em número de pedidos de seguro-desemprego durante a crise do novo
coronavírus no Nordeste. Ao todo, 8.299 mil trabalhadores
demitidos sem justa causa solicitaram o auxílio na primeira quinzena de abril,
no Estado.
Somente
nos últimos 15 dias do mês passado, foram 6.365 entradas para a obtenção do
benefício. Em todo o Brasil, o número chegou a 804.538, entre o começo
de março e a primeira quinzena de abril. Em relação ao perfil dos
solicitantes, a maioria é do sexo masculino (59,45%), com idades entre 30 e 39
anos (33,95%), ensino médio completo (58,65%) e do setor de serviços (39%).
Os
dados, divulgados ontem pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do
Ministério da Economia, mostram pela primeira vez o comportamento
do mercado de trabalho diante da pandemia.
Em
2019, o número de registros foi 7% superior ao atual, totalizando 866.735. O
levantamento, no entanto, não contabiliza os trabalhadores que sequer
conseguiram acionar o seguro-desemprego. Durante coletiva de imprensa,
o secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia,
Bruno Bianco, confessou que houve cerca de 200 mil pedidos que não foram
efetivados.
Quando
esse excedente é adicionado à conta, o saldo ultrapassa 1 milhão. Ou seja, há
150 mil pedidos a mais que o ano passado. Para o Governo Federal,
o resultado é positivo e reflete as ações emergenciais e Medida Provisória (MP
936/20) — que permite a suspensão do contrato de emprego por até 60 dias, além
da redução da jornada e salário por até três meses.
O
professor Eneas Arraes Neto, do Laboratório de Estudos do Trabalho e
Qualificação Profissional da Universidade Federal do Ceará (Labor-UFC), pondera
que o mercado de trabalho enfrenta uma forte pressão em razão da
crise sanitária e econômica da Covid-19, mas que ainda é cedo para avaliar
esses impactos.
"O
momento é nebuloso e todo o dado ainda é incerto. A queda de atividade
econômica vai perdurar e, neste contexto, é preciso pensar numa solução viável
para o cenário negativo que vamos viver", aponta, sugerindo que a renda
básica emergencial de R$ 600 seja ampliada por, pelo menos, um ano.
Outro
ponto seria discutir a redução da carga horária para viabilizar mais empregos.
Silvana Parente, vice-presidente do Conselho Regional de Economia Ceará
(Corecon-CE), reitera que o balanço ainda não espelha os efeitos
da crise, mas destaca que as iniciativas do Governo Federal conseguem mitigar
efeitos ainda mais drásticos.
"Haverá
um aumento dos pedidos, mas num número bem menor do que seria se não fossem as
medidas. Essa MP entrou em vigor ainda em abril, muitas empresas ainda estavam
tomando decisões", diz. Ela acrescenta que também é
preocupante a perda da massa salarial, algo que irá refletir na macroeconomia.
Na
primeira quinzena de abril, os estados com registro de maior número de pedidos
foram São Paulo (77.121), Minas Gerais (33.001) e Rio de Janeiro (20.661). Os
setores com mais desempregados, dados de março, foram o de serviços (209.105),
comércio (156.852) e indústria (91.141).
O POVO