Reunidos
ao longo do dia de ontem (17), líderes do comércio, da indústria e do setor de
serviços cearenses decidiram que, para enfrentar o momento de crise deflagrado
pelo novo coronavírus, eles precisarão ter o Imposto Sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS) parcelado, além de conseguir dar férias coletivas
aos funcionários com a condição de pagar os 30% em outro mês e reduzir o valor
das parcelas pagas por empresários que estão cumprindo algum refinanciamento do
Governo Federal por 90 dias.
"O varejo vem sofrendo há mais de 5
anos com a dificuldade de fluxo de caixa, vendas baixas, tirando das suas
margens para conseguir vender, e agora é o momento de muita atenção e cuidado,
ou então vamos ter mais falidos do que falecidos", lamentou Assis
Cavalcante, presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Fortaleza.
Ao revelar as demandas decididas por ele
e outros líderes empresariais do Estado, Cavalcante afirmou que o próximo passo
é enviar formalmente aos governos Municipal, Estadual e Federal, além do
Ministério Público do Trabalho, o pedido de revisões. O envio do documento deve
ser entregue ao governador Camilo Santana e ao prefeito Roberto Cláudio na
próxima segunda-feira (23).
A justificativa apresentadas por eles é
pleitear melhores condições econômicas para que as empresas sobrevivam à crise
e mantenham as atividades e os empregos gerados.
"Não é que a gente deixe de sofrer o impacto da crise. Nós vamos sofrer,
mas é porque queremos manter os empregos, e o ideal para o varejo é manter os
empregos. Sem isso, não tem varejo, não tem pra quem vender, porque as pessoas
não têm renda. Todas as três pautas apresentadas foram jogadas luzes nesse
sentido, de manter os empregos e as pessoas trabalhando", reforçou o
presidente da CDL Fortaleza.
Participaram da reunião com Cavalcante
representantes da Federação do Comércio (Fecomércio), da Federação das
Associações do Comércio, Indústria e Agropecuária do Ceará (Facic), da
Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH); do Sindicato do Comércio
Varejista e Lojista de Fortaleza (Sindilojas), e da Federação das Indústrias do
Estado do Ceará (Fiec).
"É fundamental nos unirmos para
ajudar o poder público a encontrar as soluções adequadas para enfrentar esse
contexto", reforçou o presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, em nota.
Serviços e turismo
Também
após reuniões ao longo do dia de ontem (17), a Associação Brasileira das
Empresas de Eventos (Abeoc-CE) e o Convention & Bureau/Visite Ceará, além
da Abih e da Fecomércio Ceará, que estiveram na reunião com as demais
lideranças, decidiram que também irão enviar um pedido ao Poder Público para
isenção de impostos municipais e estaduais.
A informação foi confirmada por Ivana
Bezerra, presidente do Convention Bureau/Visite Ceará. Um ofício será enviado
ao governador Camilo Santana (PT) e ao prefeito Roberto Cláudio (PDT).
O pleito trata da isenção da cobrança
dos tributos municipais, Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) e
Imposto Predial e Territorial Urbano, além do estadual Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços (ICMS). A isenção deverá valer para o período de
controle do novo coronavírus.
Mudança no trabalho
Ivana
ainda comentou que as entidades marcaram a reunião para discutir, também,
outras estratégias para contornar a crise causada pela pandemia do coronavírus.
O Ceará já conta com, pelo menos, 11 casos confirmados da doença causada pelo
Covid-19.
A presidente do Convention Bureau/Visite
Ceará ainda afirmou que as entidades já estão elaborando estratégias para
evitar que a taxa de contaminação cresça de forma exponencial. Ivana contou que
as instituições estão avaliando esquema de trabalho remoto para os
funcionários, além disso, todas as reuniões presenciais foram canceladas.
"Precisamos agir para evitar mais
casos de contaminação. Cancelamos reunião a partir de hoje e estamos avaliando
regimes de trabalho em casa. Não justifica você deixar o funcionário em contato
com pessoas contaminadas durante o trabalho e durante o percurso até para o
trabalho", disse Ivana.
Sem desespero
O
presidente da CDL Fortaleza também reforça a recomendação, afirmando que os
lojistas são orientados a intensificar a limpeza das áreas comuns das lojas,
como balcões, vitrines, banheiros e outras superfícies, e também a
disponibilizarem álcool em gel para os consumidores e funcionários que devem
manter constante assepsia.
"Em
relação aos consumidores, é interessante ressaltar que a indústria está
funcionando e que as lojas estão abastecidas. Não precisa correr para fazer
suas compras neste momento. Então, o que precisamos é entender a gravidade do
que estamos vivendo e, cada um, colaborar dentro do que é possível, sem
atropelos e exageros", observou.
Diario do Nordeste