Desde
o último sábado, 29, o valor da gasolina e do diesel foi reduzido em 4% e 5%
nas refinarias da Petrobras, respectivamente. O questionamento que os
consumidores fazem é que esses reajustes não estão chegando à bomba de
combustíveis. Mas as mudanças promovidas pela estatal impactam em apenas um
terço da cadeia dos produtos e o preço da gasolina permanece estável no Ceará,
mesmo com as quedas de precificações, pois os impostos correspondem a 47% da
gasolina, por exemplo.
O
anúncio da Petrobras no fim da última semana representou o sexto reajuste de
valores dos combustíveis nas refinarias. Quatro destes foram de redução. Mas o
preço ainda depende de mercado internacional, que leva em conta o valor do
barril de petróleo, além da variação da cotação do dólar frente ao real.
De
acordo com o assessor de Economia do Sindicato do Comércio Varejista de
Derivados de Petróleo do Estado (Sindipostos-CE), Antônio José Costa, como os
descontos oferecidos pela Petrobras impactam somente um terço da cadeia, a
refinaria é apenas o primeiro passo de um caminho que leva até a bomba de
combustível no posto da esquina.
Ele
ressalta que, quando se discute esse tema, deveriam ser levados em consideração
outros itens. No Ceará, ele aponta a logística como uma problemática, já que o
combustível chega ao Estado de navio pelo Porto do Mucuripe.
"A
cadeia aqui sofre pressão de uma logística ruim no porto, já que a capacidade
de armazenamento é menor do que era em 1970, quando havia cinco terminais, hoje
só existem dois em operação", afirma.
O
consultor na área de Combustíveis e Energia, Bruno Iughetti, detalha que é
preciso entender o processo da cadeia desde a refinaria até o consumo. Ele
analisa que o mercado internacional passa por momento em que o preço do barril
de petróleo, hoje cotado a US$ 58, está em queda, mas a variação cambial
desvaloriza o real frente o dólar. A moeda encerrou a última semana na oitava
alta consecutiva, a R$ 4,48, renovando recordes desde a criação do Plano Real.
De
acordo com Iughetti, outro item a ser destacado é a tributação sobre os
combustíveis. Hoje, a alíquota sobre a gasolina, somando os impostos federais e
estadual, chega aos 47% da composição do valor. O que também pesa na conta para
as distribuidoras é o custo do etanol anidro, inserido na mistura da gasolina.
Totalizam-se, assim, três bases de custo, além do lucro do revendedor nos
pontos de venda.
"O
imposto tem uma representatividade muito grande, significando quase metade do
valor final do produto. Isso sem contar a variação de preço do etanol anidro
misturado à gasolina, já que estamos em período de entressafra (quando o valor
do produto aumenta)", acrescenta.
O POVO