Marcos Corrêa/PR |
O
presidente Jair Bolsonaro falou ontem (25), durante live semanal
no Facebook, que pretende extinguir a Agência Nacional do Cinema (Ancine).
Ele vem, desde a semana passada, citando que a agência fomenta,
com dinheiro público, obras cinematográficas que atentam contra a família,
e voltou a citar o caso do filme Bruna Surfistinha, lançado em
2011. Na época, o filme recebeu cerca de R$ 4,3 milhões em renúncia fiscal,
segundo a Ancine, mas obteve bilheteria de R$ 20 milhões e foi visto por mais
de 2 milhões de espectadores no cinema.
"Vamos
buscar a extinção da Ancine. Não tem nada que o poder público tenha que se
meter a fazer filme", disse.
Bolsonaro
também disse ter solicitado que a Ancine recue na autorização dada para
captação de R$ 530 mil em isenção fiscal para a produção do documentário Nem
Tudo se Desfaz, do diretor Josias Teófilo, que trata dos acontecimentos
que levaram à eleição do presidente em 2018. O filme trata sobre o
crescimento da linha conservadorista no país desde as manifestações
de junho de 2013.
"Recentemente
tomei conhecimento sobre a liberação para captação de R$ 530 mil via Ancine
para produção de um filme sobre minha campanha nas eleições. Por coerência
sugeri que voltassem atrás nessa questão. Não concordamos com o uso de dinheiro
público também para estes fins", escreveu o presidente em sua conta no
Twitter.
Durante
a live, ele voltou a tratar do assunto e reforçou sua posição
que, segundo ele, não se trata de censura. "Deixo bem claro, quem no
Brasil quiser fazer filme com Bruna Surfistinha, seja quem for, fique à
vontade. Isso, se nós fôssemos interferir, seria uma censura. O que nós não
podemos admitir e não queremos, é esse tipo de filme, ou filme de político,
como o meu, [seja feito] com dinheiro público", disse.
Umas
das medidas em estudo no governo é retirar da Ancine a gestão do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). Criado pela
Lei nº 11.437/2006, o FSA é destinado ao desenvolvimento de toda a cadeia
produtiva da atividade audiovisual no Brasil. O fundo contempla atividades
associadas aos diversos segmentos, como produção, distribuição,
comercialização, exibição e infraestrutura de serviços, por meio de
investimentos, financiamentos, operações de apoio e de equalização de encargos
financeiros. O orçamento do FSA para este ano é de R$ 724 milhões. A eventual
extinção da agência, no entanto, dependerá de aprovação pelo Congresso
Nacional.
Conad
O
presidente também rebateu as críticas pela reestruturação do Conselho Nacional
de Políticas sobre Drogas (Conad). Decreto publicado esta semana extinguiu a participação da sociedade civil no
órgão e a medida foi criticada pelas organizações.
Segundo
o presidente, a redução do conselho vai dar mais agilidade ao seu
funcionamento. "Um conselho menor, mais enxuto, mais seleto, temos
condições de discutir uma política antidrogas que, realmente, seja boa para
todos nós, brasileiros".
Caged
Jair
Bolsonaro também comemorou o resultado da geração de empregos no primeiro
semestre. De acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados (Caged) divulgados nesta quinta-feira pelo Ministério da
Economia, foram gerados 123.836 postos de trabalho, o melhor resultado para o
mês em cinco anos. Nos primeiros seis meses do ano, o saldo positivo na geração
de empregos soma 408.500 novas vagas.
"É
sinal de que a economia vai reagindo", disse o presidente. Ele ainda
defendeu a reforma trabalhista, aprovada em 2016 durante o governo de Michel
Temer, e disse que votou a favor da medida. "Se não tivesse sido aprovado
isso lá atrás, com toda a certeza talvez tivéssemos uma recuperação muito
menor".