Recém-empossado secretário nacional da Segurança Pública, o
general Guilherme Theophilo disse que tem tropas à disposição para enfrentar a onda de ataques a bancos, ônibus e equipamentos
públicos no Ceará. Nesta quinta-feira, 3, o governador Camilo
Santana (PT) informou que já conversou com o ministro da Justiça e Segurança
Pública, Sergio Moro, em busca de apoio no combate
aos atentados no Estado. Ele solicitou ajuda da Força
Nacional de Segurança, do Exército e da Força de Intervenção Integrada (FIPI).
Em
entrevista ao O
POVO Online, o general informou que o Governo Federal já esperava ações de
facções criminosas em represália à posse de Jair Bolsonaro (PSL). Segundo ele,
tropas federais foram previamente preparadas. “Havia realmente o indicativo de
que os presídios e as facções vão querer tumultuar o governo do presidente, que
nunca escondeu que vai combater severamente as facções criminosas”, disse.
Ele
ainda minimizou a relação entre os atentados e a declaração do secretário da
Administração Penitenciária, Luís Mauro Albuquerque, na última quarta-feira, 2.
O chefe da nova pasta do governo de Camilo Santana disse, ao tomar posse,
que não reconhece facções e que os
detentos do Estado não serão mais divididos por vínculo com organizações
criminosas. "O secretário é um homem
disciplinador e tenho consciência de que vai, junto com nosso secretário da
Segurança (André Costa), atuar com muita correção de atitudes, dentro do que
prescreve a lei", ressaltou.
Instigados
ou não pela fala do novo secretário, desde a noite de quarta-feira, 2,
criminosos estão colocando em prática as ações contra o Estado. No caso mais ousado, eles tentaram derrubar o viaduto do
Metrópole, em Caucaia, na BR-020. Pelo menos outros 20
ataques foram registrados em menos de 24 horas. De acordo com a Secretaria da
Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), doze pessoas já foram autuadas pelos crimes, sendo quatro adolescentes.
Enfrentamento
O
secretário nacional da Segurança Pública revelou ainda que a orientação é de
enfrentamento. “Não vamos abaixar a cabeça, nem negociar com criminoso, vamos
partir para o confronto que eles realmente nos impuserem”, afirmou. Ainda de
acordo com ele, a situação nas unidades prisionais em outros estados é
monitorada pelo Governo Federal.
Camilo
Santana e Guilherme Theophilo se enfrentaram na disputa ao Palácio da Abolição
nas últimas eleições. O petista saiu vitorioso, com 79,95% dos votos.
Já o general foi nomeado para o cargo nacional com a vitória de Bolsonaro.
Durante a campanha, o militar foi ferrenho crítico da gestão do
governador. Ele chegou a afirmar que "falta autoridade" no
Estado. “Nós temos que impor ao crime organizado a
aplicação severa da lei. O que está acontecendo é que a população está acuada
dentro de sua residência e o crime organizado transitando em liberdade pelo
nosso estado”, criticou à época.
Apoio
nacional
Quando
Camilo Santana oficializar o pedido de apoio e enviar ao Ministério da Justiça
e Segurança Pública, o Gabinete de Segurança Institucional também deve avaliar
a solicitação. São considerados, por exemplo, a quantidade de agentes e o
número de viaturas requeridos. “Mas vamos apoiar, não tenha dúvida, e vamos ver
a maneira mais rápida de fazer isso”, disse Theophilo.
O
general ainda ressaltou que a ação da Força Nacional no Ceará deve ser
facilitada com a posse, na tarde da próxima sexta-feira, 4, do novo comandante
da tropa, o coronel da PM Antônio Aginaldo de Oliveira. Ele será o primeiro nordestino a comandar a Força Nacional.
Até então, ele atuava como comandante do Batalhão de Policiamento
Especializado (BPE) da Polícia Militar do Estado do Ceará.
Ataques
orquestrados
Conforme O POVO Online revelou, a ordem para os ataques teria partido de
dentro da Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor Clodoaldo Pinto
(CPPL) I, em Itaitinga. A teoria é a principal linha de investigação trabalhada
pelas coordenadorias de Inteligência das Secretarias da Segurança Pública e
Defesa Social (Coin-SSPDS) e da Secretaria da Administração Penintenciária
(Coint-SAP).
Pouco
depois das primeiras confirmações de incêndios a ônibus e detonação da coluna
do viaduto, líderes da facção Comando Vermelho (CV), na CPPL I, foram retirados
de celas conjuntas e postos em isolamento. A reportagem apurou que as
autoridades penitenciárias e de segurança estariam atribuindo o comando das
investidas a um traficante preso naquela unidade. Ele seria o chefe da distribuição e venda de drogas em
cidades do Litoral Leste (Pindoretama, Cascavel, Beberibe), no lado Sul da
Capital e em parte de Caucaia - onde fica o viaduto
atacado.
O Povo