Com
reajuste de R$ 0,61 da Sefaz e R$ 1,97 da Petrobras, o preço do gás de cozinha
deve chegar a R$ 80 em média, segundo estimava do Sincegás
O
botijão de gás de cozinha vai ficar mais caro a partir de segunda-feira, 12, no
Ceará. Com reajuste de 8,5% nas refinarias, cerca de R$ 1,97 por produto,
determinado no último dia 5 pela Petrobras, o preço que hoje é em média R$ 73 a
R$ 75 deve chegar aos R$ 80.
As
informações são de Luciano Holanda, presidente do Sindicato dos Revendedores de
Gás do Ceará (Sincegás). "Além do reajuste da Petrobras, no dia 1º de
novembro a Sefaz (Secretaria da Fazenda) determinou acréscimo de R$ 0,61 por
botijão. Nós ainda não repassamos esses valores para o consumidor, porque ainda
estávamos com o estoque antigo, mas segunda já começa a vigorar o preço mais
elevado", comenta. Desde janeiro, a Petrobras reajusta o gás
trimestralmente. Em janeiro e abril, os valores foram reduzidos e em julho,
elevados.
De
acordo com o presidente do Sincegás, desde 2016 os aumentos no preço do produto
têm sido constantes e "nem tudo é repassado para o consumidor".
"Os revendedores arcaram com parte", aponta. No período, conforme
Holanda, houve uma retração das compras em cerca de 8%.
Para
não ter perdas de receita, comerciantes do Centro de Fortaleza que dependem
diretamente do gás para produzir os alimentos vendidos têm montado estratégias.
Consumindo três botijões por semana, o vendedor de batatinha frita Jefferson
Ferreira Gomes, 30, não repassa o aumento do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP)
para o preço da batatinha.
"Em
compensação, diminuo a medida. Antes usava um copo de 180 ml, hoje é um de 150
ml. Continuo vendendo por R$ 2, mas ainda assim, se continuar aumentando, a
batatinha vai ficar mais cara", lamenta. Ele compra o produto por R$ 65,
devido à quantidade, mas já foi informado que o valor passará para R$ 70.
As
precificações são semelhantes aos que a cozinheira e vendedora de acarajé Ieda
Gonçalves, 54, encontra. "Com esse aumento, claro que influencia, mas a
gente não coloca pro consumidor. Na medida em que eu permaneço com meu preço, a
venda aumenta. Aí cobre o valor. É a estratégia, porque se eu for repassar todo
o aumento que eu tiver, vou perdendo cliente", entende.
Ela
gasta no carrinho de acarajé cerca de três botijões por mês. Em casa, o gás,
que também é usado nos preparos dos insumos do quitute, não passava de 20 dias.
Mas Ieda achou uma solução. "Há 15 dias gastei R$ 1,2 mil em uma fogão
ecológico, em que uso a quenga seca do coco como fonte de calor. Só não uso ele
pra fazer o vatapá (do acarajé) que ainda é no fogão convencional. Mas pelo
preço que o botijão vai, vou tirar esse investimento rapidinho".
Antônio
Carlos Monteiro, 36, lembra com saudade o tempo em que o botijão era R$ 50.
"Isso já faz uns quatro anos. Era um preço razoável. Nesse tempo, a gente
vendia a pipoca a R$ 1, hoje por R$ 2 e do jeito que vai é capaz de ter de
aumentar. O negócio tá cada vez mais apertado, dificulta demais o nosso
trabalho".
Fonte:
O Povo