Prédio
era ocupado por 372 pessoas. Homem de 53 anos disse que teve sapatos e roupas
levados enquanto dormia.
Moradores
do prédio que pegou fogo e desabou no no Largo do Paissandu, no Centro de São
Paulo, dormiram na rua na madrugada desta quarta-feira (2) e enfrentaram frio,
fome e furtos. Alguns se recusaram a ir a abrigos porque dizem que não são
moradores de rua e querem uma moradia fixa.
O
prédio era ocupado por 372 pessoas, de 146 famílias, segundo a prefeitura. Ao
todo, 320 pessoas foram cadastradas como desabrigadas após o incêndio e 40
delas buscaram atendimento na assistência social. Quarenta e quatro pessoas
ainda não foram localizadas – não se sabe se elas estavam no local do acidente.
Apenas um homem é considerado desaparecido. Os bombeiros tentavam resgatá-lo
quando o imóvel ruiu.
Segundo
a Cruz Vermelha, cinco toneladas de doações foram arrecadadas. Os itens já são
suficientes para atender as famílias, diz a entidade, e o excedente irá para
outras ações assistenciais.
“Furtaram
meus sapatos e minha bolsa”, disse Rilthon Kelce Maia Brandão, de 53 anos,
morador do "prédio de vidro", como a edificação ocupada
irregularmente era chamada.
O
cearense que deixou a cidade Russas há cinco meses para "tentar melhorar a
vida" na capital teve calçados e roupas levados enquanto dormia ao
relento.
Acordado
pelo barulho da porta de ferro da padaria próxima, ele se levantou enrolado em
uma coberta que recebeu de doação. Agora, sem moradia, pede ajuda a uma tia em
Fortaleza para voltar ao estado onde nasceu.
Vestido
com a camisa do São Paulo e cobertas, José Carlos de Jesus, 30, se alimentou
com maçãs e água, doados à Assistência Social e repassados a quem ficou
dormindo no Largo do Paissandu, vizinho ao edifício que caiu.
Quem
fez o cadastro na prefeitura à espera de uma nova moradia reclama da falta de
indicação de local para ir.
“Estamos
eu, a mulher e as crianças na rua. O cachorro morreu”, disse José Carlos de
Jesus, 30, enrolado numa coberta para se proteger do frio.
Alguns
conseguiram barracas, que foram armadas em frente à Igreja da praça. Não foi o
caso de Neuza de Souza, 55, que recebeu ajuda da filha para se proteger do
frio. Elas dormiram no chão gelado lado a lado, enroladas em cobertas.
A
mulher ainda se lembra de como escapou do prédio que ruiu após pegar fogo.
“Ouvi gritaria, povo correndo. Deu um estrondo no quinto andar”, disse Neuza.
As
causas do incêndio ainda estão sendo apuradas pelas autoridades. Bombeiros e
peritos trabalham com as hipóteses de explosão (alguma faísca após vazamento de
gás), problemas elétricos (curto circuito) e até criminoso (uma pessoa poderia
ter ateado fogo em álcool após briga).
Fonte: G1-CE