Foto: JN Studio
Parafraseando
o desabafo do senador Tasso Jereissati (PSDB) durante o lançamento da
pré-candidatura do general Guilherme Theophilo ao Governo do Ceará, a oposição
nunca esteve tão só na história do Ceará. Com as tratativas feitas desde o
ano passado, a base aliada do governador Camilo Santana (PT)
tem engordado ao ponto de poder tornar a campanha de reeleição do petista ao
Palácio da Abolição a maior aliança eleitoral na história recente do Estado.
Levantamento
feito pelo O POVO, com base em informações do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), aponta que, se Camilo mantiver todos os partidos que já estão ao seu
lado em seu registro de candidatura, quebrará, pela segunda vez consecutiva, o
recorde de partidos coligados na disputa majoritária no Ceará. O petista
disputou o primeiro turno em 2014 com 18 partidos na aliança. O número já era o
dobro do maior bloco conquistado por Cid Gomes (PDT), em 2006.
Dos
35 partidos registrados no Brasil, 24 estão no arco de aliança do governador.
As últimas adesões foram oficializadas após as negociações envolvendo partidos
que integravam a oposição no Ceará: MDB, PMB, PR, SD e PSD.
Com
um bloco tão grande e inédito, o vice-líder do governo, deputado José Sarto
(PDT), admite que pode haver problemas entre 10% e 15% dos municípios que
apoiam o petista. As divergências de opositores locais que integram a base
aliada exigirá de Camilo maturidade política para evitar rachas.
Por
outro lado, o PDT, com objetivo de unir o grupo que se espreme por espaços
internos, pleiteia a formação de um grande bloco para a disputa da eleição
proporcional para deputado estadual e federal.
“Pelo
que eu senti dos deputados, a tese que eles chamam de blocão é mais simpática à
maioria porque iria pegar todos os partidos da base e fazer uma chapa grande,
onde a possibilidade de (eleger) uma boa bancada seria mais realista”, explica
o parlamentar.
A
tese também é defendida pelo deputado estadual Danniel Oliveira (MDB),
porta-voz do senador Eunício Oliveira (MDB) na Assembleia Legislativa. “Defendo
blocão, igualdade. Se tiver todos iguais, somos iguais. Se tivermos separados,
vamos ser diferentes e isso pode prejudicar aquilo que é mais importante para o
Estado do Ceará que é a eleição majoritária que é quem nos defende lá fora”,
explicitou.
A
tese, no entanto, é rechaçada pelo partido do governador. O presidente estadual
do PT, deputado Moisés Braz, adianta que “a tendência (da sigla) é sair em
chapa pura na proporcional”. A decisão final, porém, será anunciada no encontro
de tática eleitoral do PT realizada no mês de junho com filiados.
O
deputado Júlio César (PPS) acredita que “as coligações se comportarão mediante
potencial dos seus candidatos”. O PPS deve formalizar aliança proporcional com
o PPL e PRTB para disputar em tom de igualdade com os nomes de maior potencial
de voto e que são filiados ao PP e PDT.
“Quem
pensava em fazer apenas um bloco, chamado blocão, acho que tem que repensar
para dar oportunidade também aos políticos que hoje não detém mandato, mas
querem disputar, ter oportunidade”, argumenta.
O
PP, do deputado estadual Gony Arruda, vai “conversar com todos os partidos” e
analisar a melhor estratégia.
(O
POVO – Repórter Wagner Mendes/Eliomar de Lima