A
associação dos motoristas privados cobra a liberação do uso de plaquinhas
luminosas no painel do carro, para sinalizar que são trabalhadores
A
morte do humorista Fonsequinha, na noite desta quarta-feira (2), em Fortaleza,
chamou atenção para a onda de violência com motoristas de aplicativos e
centrais de Táxi Amigo. Ele foi morto enquanto levava um passageiro, alvo dos
criminosos que cometeram o duplo homicídio. Segundo Antônio Evangelista,
presidente da Associação de Motoristas Privados Individuais de Passageiros de
Fortaleza, oito mortes de profissionais já foram registradas durante o
trabalho, na capital cearense.
18
mil motoristas estão cadastrados nos aplicativos Uber e 99, de acordo com o
sindicato. Na central de Táxi Amigo na qual Fonsequinha era cadastrado, a
Servus, cerca de 370 fazem parte.
Todos
os dias ocorrem assaltos e roubos nos transportes, informa o presidente da associação.
E os motoristas já sabem quais bairros são mais arriscados para circular.
Por
isso, a corrida realizada por Fonsequinha foi recusada por outros quatro
motoristas antes dele aceitar, contou Antônio. De acordo com dados da
associação, cinco mortes de motoristas de Táxi Amigo e três de aplicativos já
foram registradas em Fortaleza.
O
Tribuna do Ceará consultou a Secretaria de Segurança Pública (SSPDS) se há uma
contabilização oficial de assassinatos de motoristas privados, mas não houve
resposta até a publicação desta matéria.
Sistemas
de segurança
Com
a violência, os apps foram criando sistemas de segurança. Há uma central que
monitora motoristas do aplicativo 99 vão fazer trajeto em área considerada de
risco. A própria central entra em contato com o motorista, aguardando que ele
responda os comandos. Uma espécie de passo a passo funciona como monitoramento.
Se ele não responde, a central envia uma viatura para a localização. Recurso
que não existe para motoristas de Táxi Amigo ou mesmo do Uber, o aplicativo
mais difundido, explicou o presidente.
No
caso do Táxi Amigo, a central entra em contato com o cliente. Antônio
Evangelista explica que isso dificulta, de certo modo, alguns procedimentos.
“Como
a central entra em contato direto com o cliente, isso dificulta ter sistema de
segurança nessas situações. O Planalto Ayrton Senna tem índice de violência
considerável. Alguns motoristas que rodam têm o sistema. Se o Fonsequinha fosse
monitorado, teria que falar o passo a passo da viagem: se ele chegou, se o
passageiro entrou, pra onde ia, o tempo da viagem… Alguns trajetos a central
pede confirmação de endereço, se ele não respondesse, seria mandado auxílio de
segurança”, pontuou Antônio Evangelista.
Plaquinha
de sinalização
A
plaquinha na frente do carro foi um dos recursos usados pelos motoristas do
aplicativo Uber. A ação foi contestada pelos órgãos de trânsito de Fortaleza.
Apesar da placa, é de praxe baixar o vidro e acender a luz interna. Em algumas
comunidades, bandidos ordenam diminuir a luz para ver melhor quem está dentro
do veículo.
“Aquela
plaquinha tem diminuído os casos de violência. Ela é muito boa porque, de
longe, a pessoa sabe que é Uber, porém a Prefeitura, a AMC e a Etufor não
querem aceitar. (A plaquinha) é uma ideia a ser levada para discutir com a
Secretaria de Segurança Pública. Queremos ser identificados e ao mesmo tempo
ter um sistema de segurança que nos dê apoio, sem levar constrangimento ao
cliente”, declarou.
A
categoria se reúne na tarde desta quinta-feira (3) para discutir a questão dos
motoristas. A ideia é buscar diálogo junto com a SSPDS para traçar estratégias
em busca de reduzir os casos de violência.
Fonte:
Tribuna do Ceará