A fala foi feita no lançamento do Centro Integrado
de Inteligência do Nordeste, que será sediado no Ceará. No discurso, o
governador do Estado também criticou a desigualdade social e falou da
necessidade de rever as leis no País
O primeiro Centro Integrado de
Inteligência para combater o crime organizado foi lançado nesta quinta-feira,
15. Na ocasião, foi discutida a segurança pública do Estado e do País, sendo
tocada na questão das facções. Em seu discurso, o governador Camilo Santana
declarou que “o Estado é mais forte e maior que todas essas organizações
criminosas” e afirmou que o Estado não desistiria “em nenhum minuto”.
Na cerimônia, também estiveram
presentes o ministro de segurança, Raul Jungmann, e o presidente do Senado,
Eunício Oliveira. O Ceará será sede do Centro Integrado de Inteligência do
Nordeste, que deve começar a funcionar a partir do próximo semestre. Esse é o
primeiro de cinco equipamentos como esse, que estarão interligados com o Centro
Nacional, em Brasília. Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal (PRF), a
Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e a Secretaria Nacional de
Segurança Pública (Senasp) trabalharão juntas contra o crime organizado em todo
o País. O investimento inicial é de R$ 2 milhões. As autoridades afirmaram que
o equipamento já tem local definido, mas preferiram não divulgar à imprensa.
“A angústia maior da população
brasileira hoje é a preocupação com a vida”, lamentou Eunício Oliveira. Na
mesma fala, o senador enfatizou que o Estado deve se preocupar não só com o
combate à violência, mas como a prevenção. Raul Jungmann iniciou seu discurso
com um minuto de silêncio, lamentando pela morte da vereadora Marielle Franco
(Psol) e por todas as vítimas da violência. Ele disse que o sistema de
segurança no Brasil precisa ser revisto e criticou o encarceramento de jovens
sem distinção da gravidade dos crimes coletivos. “Isso tem que parar, isso não
pode continuar. Temos uma juventude que mata e morre como se estivéssemos em
uma guerra civil”, denunciou.
O ministro da segurança também tratou
da intervenção militar no Rio de Janeiro, denunciando a calamidade na segurança
pública do Estado. “Nós não podemos permitir que o Rio de Janeiro seja o Brasil
de amanhã”, disse, se referindo à importância de pensar no combate da violência
urbana de forma integrada.
Em janeiro deste ano, após a Chacina
de Cajazeiras, Camilo Santana havia criticado o presidente Michel Temer,
pedindo ações mais efetivas do Governo Federal em relação ao crime organizado e
ao tráfico de drogas. No evento, o governador elogiou a iniciativa federal em
tratar a segurança pública de forma integrada, e não apenas de responsabilidade
dos governos estaduais, como é dito na Constituição. O petista afirmou que as
leis no País devem ser revistas e criticou a desigualdade social, falando da
importância da educação. “Não tem saída fácil para essa situação [violência
urbana]. Mas nós não vamos desistir em nenhum minuto”, declarou.
Fonte:
O Povo