O governador espera que o projeto de lei sobre
instalação de bloqueadores de celular nos presídios seja aprovado na Câmara
O governador Camilo Santana (PT) sinalizou que o
ciclo de atentados registrados no Estado, desde a noite da último sábado, 24,
seria uma retaliação às mortes de três jovens que atacaram a sede da Secretaria
da Justiça e Cidadania (Sejus), no bairro Meireles, na madrugada anterior às
ações. Na ocasião, o Setor de Inteligência da Polícia Militar descobriu a
pretensão dos criminosos, fez campana e trocou tiros com os suspeitos, matando
parte do grupo.
Em vídeo publicado ontem nas redes sociais, o
governador se pronunciou publicamente sobre os ataques deste fim de semana.
“Esses atos criminosos, que se assemelham a atos terroristas, têm ocorrido por
interesses contrariados desses bandidos, que buscam afrontar o Estado e
amedrontar a população”, afirmou.
Em entrevista ao O POVO, realizada na tarde de
ontem, no Palácio Abolição, ele defendeu a relação entre o ataque à Sejus e os
demais atentados. “O fato é que o próprio secretário (André Costa, da
Segurança) já declarou que se antecipou à tentativa na Sejus. Houve um
confronto policial, três foram mortos e tudo indica que, fruto dessa ação,
houve a tentativa de depredar ou incendiar bens públicos ou bens e patrimônios
privados”, disse.
Na ocasião, Camilo enfatizou que, além dos três
mortos, outros seis suspeitos já tinham sido presos e repetiu o discurso de
que, “para cada ação, haverá uma reação” e que vai “responder à altura qualquer
tentativa de criminosos que tentem confrontar o Estado”.
Ele não descartou, porém, que os ataques também
estejam relacionados ao Projeto de Lei Complementar 470/18, que objetiva a
instalação de aparelhos bloqueadores de sinal de celular nos presídios de todo
o País, e que tramita em regime de urgência na Câmara dos Deputados. Conforme O
POVO publicou ontem, a aprovação da urgência no Parlamento seria, inclusive, o
que teria motivado o ataque à Sejus.
As tentativas de incendiar duas torres de
telecomunicações, durante o sábado, além dos bilhetes com ameaças deixados em
parte das ações, reforçam a teoria. O petista alega, porém, que somente as
investigações da Polícia Civil devem esclarecer o real motivo dos ataques.
Embora a Inteligência da PM tenha descoberto o
planejamento criminoso de ataque à Sejus, Camilo informou que ainda não se sabe
de onde partiu a ordem para a ação.“São detalhes que cabem à investigação da
Polícia. A imprensa precisa saber o papel e a importância, também, das
investigações. E muitas delas são sigilosas”, refutou.
Sobre a decisão da 10ª Vara da Fazenda Pública, no
último dia 2, que determina a aquisição e instalação de bloqueadores em todas
as unidades prisionais do Estado, em 180 dias, o governador disse que não irá
recorrer, citou o trâmite do Projeto de Lei Complementar 470/18 e disse que o
Estado tem “todo interesse” em instalar os equipamentos. Sobre o prazo, porém,
demonstrou irritação.
“A decisão de colocar não é da Justiça. É do
Estado! A decisão é, e sempre foi, do Estado. É o Estado quem vem defendendo
isso”, respondeu, ao destacar a expectativa de o projeto, aprovado pelo Senado,
seja aprovado também na Câmara, ainda esta semana.
Já sobre como o Governo pretende instalar os
bloqueadores, de modo a evitar retaliações, Camilo afirmou que os ataques “não
foram os primeiros e nem, talvez, serão os últimos”, e que a Polícia sempre
dará “resposta à altura”. “São detalhes que cabem à área da Segurança. Porque é
uma questão de Segurança Pública da população. E a primeira preocupação é
resguardar a vida das pessoas”, completou.
Fonte: O Povo