Pesquisador aponta que aumento está relacionado à
tendência de violência crescente no Estado
Com registro de 59 homicídios durante operação de
Carnaval, o Ceará tem aumento de 28,2% este ano, no comparativo com o período
de 2017. Em média, foram 13 mortes diárias em monitoramento que começou às 18
horas da sexta-feira, 9, e terminou às 6 horas da quarta, 14. O número médio
ficou abaixo do registrado em janeiro deste ano, que foi de 15 mortes violentas
a cada dia do mês.
Os dados foram divulgados na manhã de ontem pelo
titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), André
Costa, em entrevista coletiva, na sede do órgão. De acordo com o balanço,
Fortaleza concentra 35,5% dos assassinatos no período. O número de 21 mortes
violentas da Capital é 110% maior que o de 2017. Na Região Metropolitana houve
aumento de 40%, passando de dez homicídios em 2017 para 14 este ano.
Para o professor da Universidade Federal do Ceará e
coordenador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV), o sociólogo César
Barreira aponta que os números do período momino são historicamente
expressivos. “No Carnaval existe a festa, uma quebra de determinadas regras, o
aumento do consumo do álcool e isso contribui para cenas de violência, de forma
geral”, observa. Ele pondera que “não se pode analisar os fatos isoladamente”.
“Não é o Carnaval em si. No Ceará, o dado de aumento de homicídio reforça a
tendência que estamos apresentando de violência, que é de crescimento de
homicídios, que vem desde 2017, e que em 2018 já se apresenta como ano
violento”.
A análise casa com o dado apresentado pela SSPDS de
que em todo o Estado não houve mortes em locais em que aconteciam festas. No
Interior Norte (com 13 registros de mortes) os números são iguais aos de 2017;
e no Interior Sul (com 11 homicídios, contra os 13 do ano anterior) houve
redução de 15,3%.
O secretário André Costa credita os números do
Interior do Estado às ações de prevenção que ocorreram antes mesmo do Carnaval.
“Tivemos diversas operações antes do Carnaval. E, por isso também, não tivemos
nenhum evento com maior repercussão. Tivemos, sim, um número elevado de mortes,
mas inferior à média dos últimos meses. E mesmo com mais homicídios, não foi
nada que fuja do que vem acontecendo no Estado”, observa.
O secretário também apontou a redução de 38,4% do número
de roubos e
furtos durante o período, passando de 582 em 2017
para 346. O índice revela, para Barreira, que houve a confluência de dois
fatores: mais gente nas ruas, o que dá sensação de segurança, e presença
ostensiva da Polícia. “O maior número de pessoas na rua faz com que tenha mais
gente observando as cenas, e por isso os assassinatos tendem a diminuir. Podem
ocorrer outros delitos, como furtos e assaltos. Se houve diminuição, isso
mostra que a presença da Polícia tem papel fundamental nesse tipo de
ocorrência”.
ACIDENTES E AFOGAMENTOS
TRÂNSITO
O número de mortes nas estradas cearenses caiu
63,6% neste Carnaval, passando de 11 para quatro mortes. As quatro mortes neste
ano, nas CEs, foram causadas por uma colisão frontal, um tombamento e dois
capotamentos. Em 2017, haviam sido 66 acidentes e 54 feridos. Já nas rodovias
federais o número de acidentes graves reduziu 25%, passando de 12 para nove. Já
na vias de Fortaleza, a Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania não
registrou nenhuma morte no período.
SAMU
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu
192 Ceará) fez 1.007 atendimentos no período. Com 52,5%, os traumas
relacionados a acidentes com motocicleta lideram ranking.
AFOGAMENTOS O Corpo de Bombeiros resgatou 63
pessoas de afogamentos. Oito pessoas morreram por afogamento, três a menos que
em 2017.
DOMITILA ANDRADE