Operação Saratoga cumpriu 46 mandados de prisão
contra membros de facções; 17 deles já estavam presos e davam ordem aos
criminosos em liberdade.
Um delegado suspeito de receber cerca de R$ 20 mil
para soltar um traficante de drogas é um dos presos na operação Saratoga. A
ação apontou também 17 presos que ordenavam crimes de dentro das unidades
prisionais do Ceará. Os policiais e procuradores do Ministério Público
identificaram, ao total, 40 suspeitos, dos quais 17 já se encontrava presos, e
ordenavam práticas criminosas de dentro dos presídios, cinco foram capturados
durante a operaçao e 18 estão foragidos.
Entre os suspeitos estão um escrivão e um delegado
da Polícia Civil, presos por tráfico e corrupção passiva, respectivamente; e um
sargento da Polícia Militar, já preso anteriormente, no 5º Distrito Policial,
em agosto deste ano, durante outra operação. Um soldado da Polícia Militar e a
mulher dele, uma advogada, estão entre os foragidos.
Corrupção passiva
Segundo o coordenador do Grupo de Atuação Especial
de Combate às Organizações Criminosas (GAECO), do Ministério Público,
Epaminondas Vasconcelos, o crime de corrupção cometido pelo delegado foi
detectado na investigação de uma das organizações criminosas, após um flagrante
de tráfico de drogas, em Caucaia.
"A polícia prendeu duas pessoas, um
mototaxista que ia entregar a droga e um dos químicos que ia entregar a droga
para o mototaxista. Eles foram encaminhados ao delegado, que recebeu os dois
como flagrante de tráfico e associação para o tráfico. Durante a madrugada, o
delegado refez o flagrante, excluiu o mototaxista como indiciado e o colocou
como testemunha, e tirou a 'associação' do traficante", explica
Vasconcelos.
Em vez do flagrante de duas prisões por tráfico e
associação para o tráfico, foi realizada uma prisão apenas, por tráfico. O
mototaxista foi liberado. O Ministério afirmou que há provas por áudio dessa
negociação.
"Neste momento ninguém está sendo julgado, nem
condenado. É um processo de obtenção de provas. Eles podem ser condenados ou
inocentados", afirmou o secretário da Segurança do Ceará, delegado André
Costa. "Se for comprovada realmente a participação de qualquer servidor
público, não queremos esses servidores continuando a trabalhar no Governo do
Estado do Ceará", completou.
Prisão diferenciada
A Justiça decretou 15 prisões em regime
diferenciado de disciplina, uma reclusão com monitoramento mais rígido para
evitar que o preso tenha contato com criminosos em liberdade. Esse modelo de
prisão será adotado para os líderes das facções e para os "químicos",
como o Ministério Público se refere aos preparadores de beneficiamento de
drogas.
"É uma maneira de retirar de uma forma mais
eficaz do convívio do sistema carcerário que, infelizmente, ainda tem
comunicação com o mundo externo muito intensa. Então nós queremos tornar essa
comunicação mais frágil, aplicando o RDD", explica Epaminondas
Vasconcelos, do Ministério Público.
Área de atuação das facções
Ainda conforme o Ministério Público, há quatro
organizações criminosas regionais em Fortaleza, ligadas a uma organização
nacional. Elas operam no sul de Fortaleza, norte de Maracanaú e no limite entre
o bairro Bom Jardim com os municípios de Caucaia e Maracanaú.
Os criminosos foram identificados, denunciados e
são réus em ações penais, conforme a procuradoria do MP.
Durante as investigações, que começaram em 2015,
foram presas 53 pessoas, além da apreensão de 19 armas de fogo, 60 quilos de
cocaína, 200 kg de maconha e 8 kg de crack.
Os suspeitos são investigados pelos seguintes
crimes:
Integrar organização criminosa armada
Tráfico de drogas
Associação para o tráfico
"A previsão do Ministério Público é que as
penas dos principais líderes da organização criminosa possa variar, em caso de
condenação, de 45 até 503 anos de prisão, conforme a participação e a
hierarquia de cada investigado na organização, bem como a quantidade de crimes
praticados. Portanto, a investigação é a mais proveitosa e abrangente contra
uma organização criminosa realizada pelo estado do Ceará até o momento",
informou o Ministério Público.
Fonte: G1-CE