O banco de pele de tilápia, em Fortaleza, foi
acionado pelo Ministério da Saúde para fornecer tratamento a vítimas de
incêndio em creche
Após incêndio que matou 11 pessoas, nove delas
crianças, em creche de Janaúba (MG), o banco de peles de tilápia da
Universidade Federal do Ceará (UFC) foi acionado pelo Ministério da Saúde e
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A intenção é ajudar no
tratamento de queimaduras das crianças que sobreviveram ao incêndio.
Segundo o coordenador do Núcleo de Pesquisa e
Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) da UFC, Odorico de Moraes, o banco de
peles aguarda uma resposta da Secretaria da Saúde de Minas Gerais para definir
o que é necessário para colaborar e enviar uma equipe de profissionais.
Além da Anvisa e do Ministério da Saúde, o banco,
que oferece o tratamento no Instituto Doutor José Frota (IJF), em Fortaleza,
também foi contatado pela Sociedade Brasileira de Queimaduras para atuar no
tratamento dos sobreviventes.
“Estamos aguardando o contato deles para saber como
vai ser. A queimadura de terceiro grau, por exemplo, tem que ser limpa para
colocar qualquer tipo de pele”, explica Moraes.
Para o material ser encaminhado para Minas Gerais,
é preciso que a equipe de profissionais do Ceará, que possui habilidade no
manuseio das peles, viaje para o Estado onde as vítimas estão. “Se formos, é de
dois a três médicos e duas enfermeiras. Quanto mais cedo, melhor, para que se
tenha sucesso no andamento”, ressalta o especialista.
Moraes explica que são mais de 150 pacientes
tratados no IJF, vítimas de queimadura. Funcionando há um ano e quatro meses,
são mais de mil unidades de pele prontas e esterilizadas. O banco já forneceu
material para o Paraná, onde a pele da tilápia é utilizada no tratamento da
úlcera varicosa.
“A pele da tilápia é um curativo biológico
temporário.
A pele do paciente regenera. A grande vantagem, em
relação ao tratamento convencional, feito com a pomada sulfadiazina de prata, é
que a pele da tilápia adere na ferida, bloqueia, evita contaminação e perda de
líquido”, detalha.
A diferença, conforme ele, é que no tratamento mais
comum existe a necessidade de colocar a pomada todos os dias, lavar e trocar o
curativo. Nessa troca, a dor é inevitável, além da perda de líquido e risco de
infecção. “No caso da queimadura de segundo grau, superficial, a pele da
tilápia fica até o fim do tratamento, com dez a 11 dias, quando é removida”,
acrescenta.
JÉSSIKA SISNANDO
Fonte: Povo