domingo, 13 de agosto de 2017

Muito se discute sobre a importância da proximidade de mãe e filho logo após o parto. Mas, o vínculo imediato do pai com o bebê também é decisivo para a saúde e o relacionamento familiar A paternidade vai muito além dos antigos papel e espaços que pais tradicionalmente ocuparam. Dentro de casa, na sociedade, nas consultas de pré-natal, na hora do parto, na amamentação, na troca de fraldas, na legislação, na perspectiva futura do mundo. Ter um filho transforma o homem. Descobertas biológicas confirmam conceitos comportamentais já nem tão recentes e ampliam horizontes da relação entre a procriação humana e os vínculos que surgem a partir dela.


Foi assim quando o biólogo e empresário Alysson Lira precisou cuidar do Bernardo, filho recém-nascido, e da esposa, que sofrera queimaduras no fim da gestação. Ele passou dias massageando os seios da mulher para que ela conseguisse amamentar após sair do hospital, deu leite ao filho em um copinho diversas vezes ao dia, conversou com quem quer que fosse, explicando que precisava estar ao lado da esposa na enfermaria feminina. Fincou o pé. E disse à família que insistia em ficar com o bebê: “Ele é meu filho, eu posso cuidar dele”. Recorda-se: “Me empoderei da situação. Minha natureza disse o que eu precisava”.


Havia união, vínculo, intimidade. Foi Alysson quem disponibilizou o braço quando Bernardo, hoje com dois anos, queria sugar o peito da mãe. Tudo fortaleceu a relação entre pai e filho e deu o suporte necessário para que Samantha esperasse 30 dias para abraçar a cria novamente. “Se eu morresse hoje, o que eu vivi com meu filho já tinha valido à pena”, afirma o pai. Essa vida juntos significa contato pele a pele, conversas, confiança, respeito. “Isso deu plenitude ao Bernardo.


Ele nunca chora. Ele reclama e eu entendo”.


Os nove meses de gestação são mais voltados às mães, embora a presença paterna já se faça essencial. Mas quando o bebê olha o pai e eles formam a rotina juntos, tudo muda. Uma pesquisa realizada com 624 pais entre 21 e 26 anos, em 2011, nas Filipinas, constatou que os níveis de testosterona do homem podem sofrer queda assim que ele vê o filho pela primeira vez. A pesquisa pondera que, mais sensíveis, esses homens se dedicariam com mais facilidade ao novo momento familiar.


“Existem algumas pesquisas nesse sentido. Há indicações desse estudo populacional na Filipinas que mostram essa alteração. Não se sabe a causa, mas pode haver um balanço pela mudança de hábitos, alteração do ciclo do sono, da alimentação… pode haver implicações importantes”, analisa o urologista, especialista em andrologia e fertilidade masculina, Eduardo de Paula Miranda. Porém, ele deixa claro que a dosagem do hormônio testosterona é normalmente muito variável. E acrescenta que efeitos negativos, como estresse e depressão, também podem surgir com a paternidade.


O resultado dessa maior participação não consegue ser mensurado de verdade ainda. Mas, benefícios são indiscutíveis. “Quando as pessoas crescem em um lar com divisão de tarefas, com diálogos e relações de afeto, as crianças se tornam mais equitativas. As meninas, por exemplo, entendem que aquilo é uma forma de se relacionar e acabam não se envolvendo em relacionamentos violentos”, pondera a socióloga Milena do Carmo, coordenadora de projetos na área de paternidade e cuidados do Instituto Promundo-Brasil, organização que atua a favor da simetria de gênero.


Fonte: O Povo

SARA OLIVEIRA
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