São mais de 118 mil crianças e adolescentes fora da
sala de aula no Estado. Plataforma digital busca mapear estudantes e causas do
abandono
Em todo o Brasil, 2,8 milhões de crianças e
adolescentes de 4 a 17 anos estavam fora da escola, em 2015. A Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), que reúne os dados mais recentes, mostra que, no Ceará,
são 118.485 pessoas nessa faixa etária sem estudar — o que representa 6% da
população cearense. O Estado é o segundo do Nordeste com menor percentual de
jovens em idade escolar fora da sala de aula.
A maior parte dos quase 120 mil jovens fora da
escola no Ceará (86.052) tem entre 15 e 17 anos. Isso significa, segundo o
levantamento, que pelo menos um em cada seis cearenses na faixa etária estão
fora da escola. A nível regional, apenas o Piauí (5,3%) apresenta números
melhores do que o Ceará.
Ontem, durante o 16º Fórum Nacional dos Dirigentes
Municipais de Educação, em Fortaleza, foi lançada a plataforma digital Busca
Ativa Escolar, que surge com o intuito de reverter ou amenizar esse quadro de
jovens longe do sistema educacional.
A plataforma consiste no mapeamento, a partir do
trabalho de profissionais como assistentes sociais e agentes de saúde, dessas
crianças e jovens e das causas que os levam a não frequentar a escola. Uma vez
identificados, eles são incluídos no sistema, e as gestões da Educação nos
municípios garantem as matrículas de acordo com os motivos para o abandono.
O Busca Ativa Escolar foi idealizado pelo Fundo das
Nações Unidas para a Infância (Unicef), União Nacional dos Dirigentes
Municipais de Educação (Undime), Colegiado Nacional de Gestores Municipais de
Assistência Social (Congemas) e Instituto Tim.
Mapeamento
Um ponto a se destacar no processo de identificação
dos jovens e das causas da evasão escolar é o caráter intersetorial do
mapeamento. “Não existe atendimento se não houver integração das políticas
públicas. A escola não dá conta de tudo. Essas crianças têm uma história de
vida. Cria-se uma rede envolvendo educação, saúde, assistência social, cultura
e organizações não governamentais para a garantia de direitos desses jovens”,
explicou Vanda Anselmo, presidente do Congemas.
Ítalo Dutra, chefe da área de Educação do Unicef no
Brasil, enfatizou a busca das causas que levam jovens à exclusão escolar, que
variam desde bullying a privações de direitos. “Essa estratégia é para aqueles
que estão invisíveis para qualquer política pública. Isso não é uma questão de
demanda, mas de garantia de direitos. A gente não está aqui buscando vaga para
os que procuram a escola, mas para aqueles em que as famílias não conseguem
garantir os direitos às suas crianças”, indicou Ítalo. Conforme ele, mais de
300 municípios do País já aderiram à plataforma.
JOÃO MARCELO SENA
Fonte: O povo