A apresentadora teria participado do evento junto
ao seu marido, o deputado estadual Fábio Faria
A filha número quatro de Sílvio Santos, Patrícia
Abravanel, teria participado de jantar na casa de Joesley Batista, sócio da
JBS, para negociar propina em favor de Robinson Faria (PSD-RN), atual
governador do Rio Grande do Norte, pai de seu marido, o deputado estadual Fábio
Faria (PSD-RN).
O relato foi feito por Ricardo Saud, diretor do
grupo empresarial, e está em um dos vídeos da delação premiada divulgados nesta
sexta-feira, 19. As informações são do portal Uol.
Segundo conta Saud no depoimento, a apresentadora
teria ido ao encontro para acompanhar o noivo e filho de Robinson. O propósito
da reunião seria arrecadar fundos para a campanha de Robinson, eleito em 2014.
"Foi um jantar muito elegante. Foi o Fábio
Faria com a noiva dele, Patrícia Abravanel, filha do Silvio Santos, o Robinson
faria com a esposa dele, nós todos com as nossas esposas para tratarmos de
propina", disse. "Até bacana, né? Todo mundo com as esposas
junto", acrescentou.
Procurada, a assessoria do SBT disse à reportagem
do portal Uol que "não comenta sobre vida pessoal de seus
funcionários". O portal também tentou contato com Patrícia Abravanel, Robinson
Faria e Fábio Faria, mas não obteve respostas.
Concessão de água e esgoto
O diretor da JBS afirma que o grupo tinha
interesse, como contrapartida, em assumir a concessão de água e esgoto do
estado. "Nós falamos com ele (Robinson): 'No Rio Grande do Norte nós temos
um interesse muito grande, desde que você privatize...' Nós já tínhamos feito
um estudo das empresas que estavam quebradas de companhia de água e esgoto e
que poderíamos comprar, desde que nós participássemos do edital para facilitar.
[...] 'Se nós fizermos o edital, participarmos do edital, já tem uma parte do
dinheiro que o Kassab vai te dar, vai doar para você, assim como está doando
para o Raimundo Colombo (governador de Santa Catarina), e nós complementamos
aqui, fazemos você ganhar a eleição",conta Saud.
O acordo teria sido firmado no jantar. Saud relata
pagamento em dinheiro vivo e notas fiscais dissimuladas. "Algo em torno de
10 milhões", afirma, sem especificar a moeda.
O diretor prossegue dizendo que Fábio Faria,
companheiro de Patricia Abravanel, "mudou-se" para a sede da empresa
J&F para fazer mais pedidos: "Pagando a gente estava, mas ele ia para
pedir mais, falar que "lá [no RN] é tudo de vocês,se vocês quiserem assumir
o governo, a gente previsa ganhar a eleição'. Um negócio até indigesto",
ralata o delator.
Apesar de ter pago a propina, o grupo empresarial
não cobrou sua contrapartida, segundo a versão de Saud.
O recuo teria acontecido por medo de a companhia passar
pelas mesmas dificuldades enfrentadas pela OAS e Odebrecht: "Como o Brasil
estava vindo, a gente viu a Odebrecht desmoronando, a OAS desmoronando, esse
negócio desmoronando, nós falamos que não entraríamos nisso, não. Estávamos com
problemas demais para resolver lá na frente. Perdemos tudo que fizemos,
perdemos um dinheiro grande, mas não participamos de nada".
Fonte: O POVO Online