Eunício Oliveira (PMDB) também é citado em delação. O
presidente do Senado teria recebido R$ 5 milhões pela atuação em uma Medida
Provisória que disciplinava créditos de PIS/Cofins
Além
do presidente Michel Temer (PSDB) e do senador Aécio Neves (PSDB), a delação
premiada de Wesley Batista, sócio da JBS, apontou o ex-governador Cid Gomes
(PDT) como beneficiário de propina.
O empresário confirmou o pagamento de R$
20 milhões para Cid, irmão de Ciro Gomes, candidato do PDT à
Presidência da República nas próximas eleições. A denúncia é do jornal Valor
Econômico.
O presidente do Senado, Eunício Oliveira
(PMDB-CE), também é citado em delação do empresário Ricardo Saud, um dos
executivos da JBS. Segundo ele, Eunício teria recebido R$ 5 milhões pela
atuação em uma Medida Provisória que disciplinava créditos de PIS/Cofins.
Em sua delação, o empresário Wesley
Batista disse que, em 2014, foi procurado pelo então governador do Ceará, Cid
Gomes, na sede da JBS, em São Paulo. Cid queria contribuição para a campanha
eleitoral no Ceará daquele ano. O empresário informou que o governo devia à
empresa R$ 110.404.703,61 em restituição de créditos de ICMS, o que dificultava
a contribuição.
Duas semanas depois, Wesley foi
procurado pelo deputado federal Antonio Balhmann (PROS), junto ao então chefe
da Casa Civil do governo, Arialdo Pinho, com a proposta de que, em troca de R$
20 milhões para a campanha eleitoral, que tinha Camilo Santana como candidato à
sucessão de Cid Gomes no governo, seria liberada a integralidade dos créditos
do ICMS. A empresa teria recebido, em agosto de 2014, R$ 97.519.723,27 do
governo.
Do
total de R$ 20 milhões, R$ 9,8 milhões se referem à “propina na forma de
pagamento de notas emitidas contra a JBS sem contrapartida em prestação de
serviços”. Os outros R$ 10,2 milhões se relacionam à “propina dissimulada sob a
forma de doação oficial”, de acordo com informações prestadas por Batista
durante a colaboração premiada, ainda segundo o jornal Valor Econômico.
Cid Gomes informou, por meio de nota,
que repudia as acusações. “Repudio referências em delação que
atribuem a mim o recebimento de dinheiro. Nunca recebi um centavo da JBS. Todo
o meu patrimônio, depois de 34 anos trabalhando, é de 782 mil reais (IRPF2016),
tendo sido duas vezes deputado, duas vezes prefeito e duas vezes governador”,
afirma o documento.
O senador Eunício Oliveira
também se pronunciou, dizendo que “os diálogos relatados pelo
delator são imaginários, nunca aconteceram, são mentirosos, como é possível
constatar na prestação de contas do diretório nacional de PMDB ao TSE”. Segundo
nota, não há doações ao partido conforme diz o delator, “como é possível
constatar nas prestações de contas do diretório nacional, que são públicas e
podem ser verificadas nas declarações ao TSE”.
O senador confirma ter
recebido representantes do setor, pois é “absolutamente normal em
casos de relatoria” e afirma que não usa e nunca usou suas funções
legislativas para favorecer empresas públicas ou privadas. As contribuições
eleitorais do grupo JBS para a campanha de 2014 aconteceram, e, segundo nota,
estão devidamente declaradas à justiça eleitoral na prestação de contas do
candidato Eunício Oliveira.
Os
ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff não escaparam das
acusações. De acordo com o jornal O Globo, o empresário Joesley Batista e o
executivo Ricardo Saud relataram pagamentos em contas no exterior tanto para
Lula quanto para Dilma. O saldo dessas contas em 2014 teria chegado a US$ 150
milhões.
O ex-ministro Guido Mantega seria o
intermediário dos pagamentos que eram devidos em razão de esquemas criminosos
no BNDES e em fundos de pensão. Em 2010, por intermédio do ex-ministro Antonio
Palocci, teria sido feito outro repasse de R$ 30 milhões para a campanha de
Dilma.
Fonte: Tribuna do Ceará