Pesquisadores
da Universidade Estadual do Colorado infectaram mosquitos em laboratório.
Resultados foram publicados na revista 'Nature Communications'.
m novo estudo da Universidade Estadual do Colorado
(CSU, sigla em inglês) descobriu que o mosquito Aedes aegypti consegue
transmitir múltiplos vírus em uma única picada, como os da dengue, zika e
chikungunya. Os resultados foram publicados na revista "Nature
Communications" nesta sexta-feira (19).
Os pesquisadores acreditam que os resultados jogam
luz sobre como ocorre uma coinfecção - quando uma pessoa é atingida por duas ou
mais doenças ao mesmo tempo. Eles dizem que o mecanismo ainda não é
compreendido totalmente e que pode ser bastante comum em áreas afetadas por
surtos, como o Brasil.
A equipe da CSU infectou os mosquitos em
laboratório com os três tipos de vírus, depois realizaram testes para verificar
qual a taxa de transmissão. De acordo com o estudo, ainda não há uma razão para
acreditar que uma coinfecção possa ser mais grave do que ser atingido por um só
vírus. As pesquisas sobre o assunto são escassas.
O primeiro relato de coinfecção por chikungunya e
dengue ocorreu em 1967, segundo o estudo. Recentemente, há registros de pacientes
que tenham contraído a zika, dengue e a chikungunya ao mesmo tempo na América
do Norte e Sul.
A líder da pesquisa, Claudia Ruckert, pós-doutora
do laboratório de doenças infecciosas e artrópodes da CSU, diz que a equipe
chegou ao resultado de que é possível uma coinfecção, mas que a transmissão dos
três vírus simultaneamente é mais raro.
"Infecções de dois vírus, no entanto, são
bastante comuns, ou mais comuns do que poderíamos imaginar", disse.
Próximos passos
Os pesquisadores querem, a partir de agora, tentar
descobrir se algum desses vírus é dominante e consegue "superar" os
outros dentro do organismo dos mosquitos. "Todos os três vírus se replicam
em uma área muito pequena do corpo do mosquito", explicou Ruckert.
"Quando os mosquitos são infectados por dois ou três diferentes vírus, não
há quase nenhum efeito sobre o que eles podem fazer um com o outro no mesmo
mosquito."
"Baseado no que eu sei como virologista,
epidemiologista e entomologista, eu penso que os vírus querem competir ou
ajudar entre si de alguma forma", disse Greg Ebel, coautor da pesquisa.
"Todos esses vírus têm mecanismos para suprimir a imunidade dos mosquitos,
o que pode ser feito em sinergia. Por outro lado, todos eles provavelmente
exigem recursos semelhantes dentro das células infectadas, o que pode gerar uma
concorrência", completou.
Ruckert diz que não há qualquer evidência forte de
que uma coinfecção possa resultar em sintomas ou um quadro clínico mais grave.
No entanto, as descobertas sobre casos de dois ou
mais vírus no mesmo paciente são contraditórias, diz o estudo.
Uma equipe da Nicarágua analisou um grande número
de coinfecções, mas não observou mudanças na hospitalização dos pacientes ou no
estado clínico. Outros estudos, porém, encontraram uma possível ligação entre
uma múltipla infecção com complicações neurológicas.
A equipe da CSU levanta, ainda, outra
possibilidade: que as coinfecções em seres humanos não tenham sido
diagnosticadas da maneira certa.
"Dependendo de como os diagnósticos são
usados, e dependendo de como os médicos pensam, é possível que a presença de um
segundo vírus não seja notada", avaliou Ruckert. "Isso pode
definitivamente conduzir uma interpretação errada da gravidade da doença".
Além de analisar essa relação entre os diferentes
vírus no corpo dos mosquitos, a pesquisa pretende, mais tarde, inserir o
responsável pela febre amarela nos testes.
Fonte: G1